quinta-feira, 24 de junho de 2010



Liberdade Responsável




Desde 2008, quando estudamos a Escola da Ponte na Disciplina de Estudos Sociais, não adoto mais o ajudante da semana e sim o Quadro de Responsabilidades. Consiste num quadro onde estão elencadas várias responsabilidades como contato com a secretaria e representação da turma (esta responsabilidade não muda pois é convenção da escola que seja atribuição dos monitores), material de Educação Física, limpeza do quadro e organização da sala, distribuição de material, armário de jogos e livrinhos, organização da fila, refeitório, livros da biblioteca e murais.
Cada responsabilidade é destinada a dois ou três colegas que as escolhem por livre e expontânea vontade e devem exercê-la durante um mês, aproximadamente.
No final do mês vigente fazemos uma Assembléia de Alunos, presidida pelos monitores. Eles falam no microfone o que deu certo e o que precisa melhorar na sala de aula e nas suas atribuições. Depois eles chamam os colegas de uma por uma das responsabilidades, que falam no microfone como foi sua atuação na responsabilidade do mês, se os colegas cooperaram ou não e o que precisa melhorar. A seguir o monitor pergunta no microfone quem quer ser daquela responsabilidade e são escolhidos os que primeiro levantaram a mão, não podendo repetir consecutivamente a mesma responsabilidade. O vice monitor anota numa fichinha o nome dos novos responsáveis e coloca no Quadro de Responsabilidades, sendo que cada deve procurar desempenhar o melhor possível sua função para que nossa aula tanscorra com organização e responsabilidade.
Desta forma, procuro despertar nos alunos a liberdade responsável, o respeito às regras e ao combinado como forma de construirmos uma democracia onde cada um faça a sua parte.
Nesta maneira de organizar nosso dia a dia busco fundamentação em Adorno que nos diz que o sentido da educação é levar a uma auto reflexão crítica, para que os educandos aprendam a pensar por conta própria e não se deixem manipular, construindo uma liberdade responsável.. Estas tarefas têm por maior objetivo fazer com que os alunos pensem, reflitam sobre possibilidades, assumam posturas.
Continuando minha reflexão também busco suporte em Paulo Freire que diz “De nada serve, a não ser para irritar o educando e desmoralizar o discurso hipócrita do educador, falar em democracia e liberdade mas impor ao educando a vontade arrogante do mestre.” (FREIRE, 2002, p.69). Sendo assim, procuro fazer com que meus alunos já experimentem em sala de aula o sentido da democracia fazendo suas próprias escolhas, desenvolvendo o senso crítico e a cidadania através da prática diária, do respeito à opinião e à construção do outro. Não é uma tarefa fácil nem automática, precisa de muita prática e reforço em sala de aula, assim como na vida.
Abaixo coloco imagens da nossa última assembléia de alunos:



domingo, 20 de junho de 2010

A apropriação da Palavra

Esta atividade começou com a interpretação de um jogo de louças de um encarte de supermercado, suas características linguísticas e propriedades indispensáveis deste tipo de texto, condições de pagamento e vantagens da compra. O objetivo é que os alunos se apropriem de diversos tipos de texto e que percebam que até num encarte de supermercado há pequenos textos que precisam ser reconhecidos com suas características próprias e interpretados pelos possíveis compradores. Como dizia Paulo Freire, é preciso que possibilitemos aos nossos alunos lerem o mundo que os cerca, para depois apropriarem-se da palavra. A partir disto propus que cada aluno criasse um produto que ainda não existe e fizesse um anúncio do produto com as características próprias.
Começamos a segunda-feira com cada aluno apresentando o produto que criou e seu anúncio. Criaram coisas interessantes e divertidas como cremes milagrosos, carros voadores, um sapato de nenê com asas, eletrodomésticos que fazem tudo, e até uma máquina do tempo. Os anúncios estavam razoáveis, poucos com todos os itens que eu pedi, mas o importante, em minha opinião, é que os alunos possam se apropriar deste tipo de texto, seu contexto e suas características. Foi bastante interessante vê-los exercitar a criatividade e imaginação junto com a produção textual.
Depois fizemos uma exposição no pátio da escola, para as outras turmas verem o trabalho. Fiz uma auto avaliação com eles depois que fizeram a exposição, eles disseram:
- Foi muito interessante esta atividade porque cada um achou seu jeito de construir o produto.
- Foi importante porque tivemos que usar a imaginação e criatividade na criação do produto e do anúncio.
- Foi legal porque foi como trabalhar numa loja por um dia.
- É muito legal podermos mostrar aos outros o que fazemos e aprendemos.
Refletindo sobre estas atividades e confrontando-as com as teorias busco subsídios em Comênio que diz que o aluno deve aprender a partir de suas próprias experiências, experimentando na prática o objeto de estudo. Nestas atividades, o aluno não só aprende a construção textual, a leitura, mas pratica em algo real, do seu dia a dia. Assim também Kant nos diz que não adianta só transmitir conhecimentos, mas antes de tudo ensinar as crianças a pensarem. Estas tarefas têm por maior objetivo fazer com que os alunos pensem, reflitam sobre possibilidades, assumam posturas, tenham que planejar, criar, executar. Não é uma mera transmissão de conhecimentos, mas uma tentativa de construirmos saberes juntos.
Abaixo coloco imagens da aividade:
a) o anúncio estudado:


b)algumas apresentações das criações dos alunos:
G. criou um sapato de bebê com asas para facilitar a locomoção dos mesmos:G. criou uma máquina de viajar no tempo: B. criou um creme ante bixo de pé:


c)a exposição no pátio da escola:

domingo, 13 de junho de 2010

Lendo nossa realidade

Esta foi uma semana de culminância das atividades sobre o meio ambiente, mesmo que as retomo contantemente, pois tivemos realmente aulas bem práticas sobre o assunto.
Na terça-feira fomo visitar a exposição “Redescobrindo o Rio dos Sinos” do Instituto Martin Pescador na empresa TFL, que é uma empresa próxima à escola que fabrica produtos para tratamento de couro. Esta exposição lembrava o desastre ambiental de 2006 quando milhares de peixes morreram no Rio dos Sinos e também dava dicas para as crianças começarem no dia a dia a preservar a natureza. Ganhamos lanche de suco e bolachinhas e voltamos para a escola. Discutimos o que tínhamos visto e lemos rapidamente o livrinho que ganharam na exposição e sugeri que cada um fizesse uma colagem sobre o rio, a partir de figuras de revistas que eu forneci. Fizemos um painel no mural do corredor.
Na quarta-feira fomos até a Associação de Moradores da Vila Paim para participar da Caravana Ambiental promovida pela Secretaria do Meio Ambiente de São Leopoldo. Lá assistiram uma palestra com vídeo sobre os arroios de São Leopoldo, com destaque ao Arroio João Correia que passa pelo nosso bairro, mas a maioria da população não sabe que é um arroio, visto que ele é chamado de valão, pois chega ao nosso bairro com as águas pretas da poluição causada pelos esgotos. Dentro da programação, fomos de ônibus até a nascente deste arroio, num bairro que fica no outro extremo da cidade. As crianças puderam constatar que lá a água é límpida, cristalina, que a população até fez uma bica para pegar água. Constataram também que ao redor deste bica já há lixo deixado pelas pessoas. Depois o ônibus seguiu para a foz deste arroio, junto ao Rio dos Sinos, já no nosso bairro. Vimos aí o grande índice de poluição, com a água preta, muito lixo nas margens e até boiando na água. Podemos constatar que apesar desta situação degradante a vida ainda resiste, há animais como tartarugas e pássaros que vivem no local, assim como águas- pés e outras vegetações. Os alunos fizeram claramente uma comparação entre as duas situações, vendo a importância da preservação ambiental. De volta à Associação os alunos ganharam lanche e voltamos para a escola, pois já estava no final da manhã e a caminhada é de, no mínimo, quinze minutos.
A diretora tinha encomendado aos alunos que prestassem muita atenção pois teriam que transmitir os conhecimentos adquiridos nas duas visitas da semana às outras turmas, então organizamos um trabalho em grupos para retratarem o que viram e aprendereram. Depois do trabalho pronto apresentaram para os colegas da sala sua produção e depois determinei que cada grupo iria para outra sala de aula para transmitir os conhecimentos que construíram a partir das visitas realizadas. Após as apresentações a diretora foi à nossa sala elogiar os alunos que cumpriram sua tarefa com organização e respeito, ensinando aos menores a importância de cuidarmos do meio ambiente.
Fizemos uma avaliação com os alunos sobre estas atividades que disseram:
- Achamos interessante a maquete sobre o barco Martin Pescador porque
conhecemos mais sobre ele.
- O interessante na TFL é que não se preocuparam em mostrar só a empresa, mas
a situação do nosso rio.
- Gostamos de conhecer a nascente limpa e a foz poluída do arroio pela diferença
que elas representam.
- Aprendemos mais sobre o meio ambiente e podemos ver que mesmo com a
poluição a vida resiste.
- Alguns consideraram a apresentação difícil porque ao errarem palavras os
pequenos riram.
- Acharam bom poder transmitir aos outros algo que aprenderam.
- Recinheceram que as crianças menores prestam mais atenção.
Expliquei a eles que os maiores já se comparam muito com eles, por isto os
risos, mas que faz parte do trabalho e que para os menores é muito interessante ver os maiores falarem sobre o rio e o valão, tão presentes na nossa comunidade.
Refletindo sobre estas práticas busco embasamento em Kant que diz “A espécie
humana é obrigada a extrair de si mesma pouco a pouco, com suas próprias forças, todas as qualidades naturais que pertencem à humanidade. (KANT, tradução de Francisco C. Fontanella, UNIMEP, 2002). Precisamos despertar nos nossos alunos o sentimento de amor à criação, de pertencimento ao ecossistema e da responsabilidade de preservação, adormecidos em grande parte da população. É papel da escola resgatar conceitos e práticas esquecidas, orientar para a cidadania consciente, levando à reflexão sobre as práticas atuais à necessidade de cada um fazer a sua parte. A humanidade, na ânsia pelo ter esquecesse-se de seu destino maior que é o ser. Cabe a escola apontar caminhos para uma retomada de consciência.
Assim também busco orientação em Paulo Freire que diz que é preciso ler o mundo para depois ler as palavras. É necessário transformar nossas aulas, na medida do possível, tornando-as atrativas, coerentes e práticas para que os alunos aprendam a ler e refletir sobre a nossa realidade e seu papel como cidadãos. Desta forma, as aprendizagens terão mais significado, transformando os conhecimentos que eles já têm e melhorando sua prática diária. Penso que isto é dar sentido ao que trabalhamos na escola.
Abaixo colocarei fotos destas atividades:
a) Visita à exposição "REDESCOBRINDO O RIO DOS SINOS" e painel dos trabalhos:

b) Participação da Caravana Ambiental e painel dos trabalhos que apresentaram nas turmas:

domingo, 6 de junho de 2010

Precisamos formar cidadãos conscientes
Durante todo ano procuro trabalhar a questão ambiental, a responsabilidade social de cada em preservar nosso planeta. Esta semana, especialmente, realizamos muitas atividades sobre o tema, por ser a semana do meio ambiente.
Ainda na segunda-feira instituímos a Patrulha Ambiental, que são dois alunos por dia para orientarem os alunos durante o recreio para não sujarem a escola e colocarem o lixo no lixo. Ficaram muito empolgados pelo fato de poderem colocar em prática o que discutimos e trabalhamos. Continuamos esta tarefa enquanto os alunos mostrarem interesse.
Na terça-feira discutimos sobre a quantidade de água no planeta e no nosso corpo que em proporção são aproximadas. Fizemos um painel com o desenho do contorno do corpo de um colega segurando o planeta, escrevemos mensagens sobre a necessidade de poupar água e preservar os recursos naturais.
Na quarta-feira olhamos o filme sobre mudanças climáticas, discutimos muito sobre a ação humana no meio ambiente e o que cada um pode fazer no seu dia a dia para preservar o planeta. Fizemos a Vigília Ecológica na frente do mercado do bairro, estavam muito empolgados em poder alertar as pessoas sobre os cuidados com o meio ambiente e oferecer-lhes uma plantinha.
Pensando nestas atividades vem-me a mente as afirmações de Comênio que diz que os alunos devem aprender por sua própria experiência e de suas próprias observações e que a verdade é mostrada com exemplos. Espero sinceramente que através das vivências desta semana meus alunos aprendam realmente a respeitar e preservar o meio ambiente através da prática, do exemplo, da conscientização.
Assim também Kant nos fala da educação prática “A educação prática ou moral (chama-se prático tudo o que se refere à liberdade) é aquela que diz respeito à construção (cultura) do homem, para que possa viver como um ser livre.” (KANT. Tradução de Francisco C. Fontanella, 2002). Julgo ser importante conhecer, vivenciar e analisar as situações do dia a dia para poder dar maior significado às aprendizagens. É dever de a escola formar cidadãos críticos e responsáveis, capazes de ações que possam melhorar a realidade. Construir uma liberdade responsável, com respeito à vida e às diferenças precisa de ação, de reflexão e de conhecimento, e tudo isto também é função da escola proporcionar.
Abaixo colocarei fotos destas atividades:
a) Patrulha ecológica:
b) Painel sobre preservação ambiental:
c) Vigília Ambiental: