sábado, 30 de maio de 2009

Os Índios no Brasil

PEAD/UFRGS – Pólo de São Leopoldo
Disciplina de Questões Étnico – raciais na Educação
Leila Maria Linck Wasum

Ao se falar dos índios no Brasil, na verdade se está falando dos povos originários, isto é, os povos que já habitavam a América muito antes da chegada dos europeus, sendo assim, os verdadeiros donos da terra. É por isto que Sepé Tiaraju costumava repetir “Esta terra tem dono”, como se ouve em muitos relatos históricos.
Falando-se dos povos indígenas há certa divergência entre os órgãos que contam estas etnias quanto ao número de índios existentes no país, mas sabe-se que muitos povos esconderam ou negaram sua identidade como forma de auto-preservação, fugindo de preconceitos e extermínios. Sabe-se, porém, que desde os anos 90 há um movimento de reetinização, ou seja, reconquista de suas identidades e do orgulho de sua etnia. A consolidação do movimento indígena, a oferta de políticas públicas específicas e a crescente revalorização das culturas indígenas estão possibilitando a recuperação do orgulho étnico e a reafirmação da identidade indígena.
Apesar de os dicionários contarem com a denominação “índio ou indígena” como os seres naturais de um lugar, sabemos que historicamente receberam este nome porque os europeus que chegaram às Américas acreditavam ter chegado às Índias. Sendo assim, índio sempre foi um termo pejorativo, que indicava alguém sem civilização, incapaz e preguiçoso ou um ser romântico, protetor da natureza. A partir da década de 70, o movimento indígena organizado começou a resgatar a auto-imagem destes povos mudando o sentido pejorativo para outro positivo de identidade multiétnica de todos os povos nativos do Continente Americano, superando o sentimento de inferioridade imposto pelos colonizadores europeus. O índio de hoje orgulha-se de ser portador de uma civilização própria e de pertencer a uma ancestralidade particular.
As relações sociais mais fortes entre os povos indígenas são as de parentesco e de aliança que cada povo ou grupo familiar estabelece. Em geral, a base de sua organização social é a família extensa, entendida como uma unidade social articulada em torno de um patriarca ou de uma matriarca, por meio de relações de parentesco ou afinidade política ou econômica. As alianças se 3stabelecem a partir de necessidades estratégicas comuns entre aliados e são muitas vezes temporais. As relações de alianças e de inimizades constituem o equilíbrio social dos grupos e dos povos, uma espécie de contrato social.
Ao falarmos da diversidade cultural indígena brasileira estamos falando da diversidade de civilizações autônomas, de culturas, de sistemas políticos, jurídicos, econômicos e organizações sociais equivalentes, mas diferentes. Isto é, cada povo, cada nação indígena tem sua própria identidade e organização social, política e econômica, de acordo com seu grupo e suas alianças. Deste modo, concluímos que não existe uma única identidade cultural indígena brasileira, mas diversas identidades que coexistem e convivem de forma harmoniosa, facultando e enriquecendo as várias maneiras possíveis de indianidade, brasilidade e humanidade. As culturas indígenas são concretas, como concretos são os que dão vida a elas, mantendo o papel socializador e educador da família, aplicando os sábios conceito milenares e praticando o respeito à natureza, manifestando, assim, sua personalidade coletiva e de alteralidade.
Os pré-conceitos que surgiram ao redor da figura do índio se devem ao olhar dos colonizadores europeus, que, comparando-os com sua forma de cultura e civilização, considerou-os como seres aculturados e não civilizados, não levando em conta sua diversidade e cultura próprias. Sendo assim, as contradições entre índios X povos indígenas nasceram deste julgamento igualitário que julgava todos os índios iguais e incivilizados, não levando em conta que cada nação indígena tinha sua própria organização sócio-cultural e suas particularidades quanto à língua e organização social. Daí também surgiu a contradição de generalização X identidade étnica, pois os europeus consideravam os índios portadores de uma só cultura, não levando em conta a identidade étnica de cada nação, sua organização social, política e econômica, que embora diferentes, conviviam de forma harmoniosa.
Como maneira de desfazermos estes pré - conceitos é necessário revertermos esta visão de que os índios eram incivilizados e mostrar aos nossos alunos que eles possuíam e possuem até hoje nações bem organizadas social, político e economicamente bem constituídas. Outra maneira é mostrarmos a trajetória discriminatória destes povos através da nossa história como causa da marginalidade e pobreza que muitos povos, como os caingangs no RS, sobrevivem até hoje. Tentar resgatar a originalidade destes povos como verdadeiros donos das terras que ocupamos indiscriminadamente.


REFERÊNCIAS:
LUCIANO – BANIWA, Gersen dos Santos. Os índios no Brasil, retirado do livro “O índio brasileiro, o que você precisa saber sobre os povos indígenas no Brasil de hoje”, Brasília, 2006.

Estudando sobre as etnias no Brasil mais uma vez tenho a certeza de que poderemos construir em nossas salas de aula espaços de inclusão e valorização de todos os povos, fazendo com que nossos alunos sintam-se orgulhosos de suas origens. Podemos perceber também o longo caminho de domínio e opressão que muitos povos tiveram que se submeter por causa da cultura européia, que sempre se considerou o berço da sabedoria e da cultura, não importando se este domínio mantinha outras culturas estranguladas. Penso ser nosso dever deixar de ensinar aquela visão romântica da história e colocar nossos alunos a par de tantos fatos importantes.

sábado, 23 de maio de 2009

Reflexão sobre o ensaio do filósofo alemão Theodor Adorno "Educação Após Auschiwitz"

Refletindo sobre o texto podemos verificar a análise do autor sobre o perigo do genocídio da 2ª guerra se repetir.A principal solução encontrada pelo autor para evitar esta repetição seria a autonomia, a força para a reflexão, para a auto-determinação, para a não participação cega e inquestionável, que não permite que o ser humano seja manipulado e subjugado. É contrapor-se a qualquer supremacia coletiva cega e aumentar a resistência contra ela.
Sendo assim, fortalecer a educação na primeira infância, depois o esclarecimento geral, criando um clima espiritual, cultural e social que não dê margem a uma repetição, tornando conscientes os motivos que levaram ao horror.
Em minha opinião a solução encontrada é corretíssima, pois quando os indivíduos tomarem conhecimento de sua autonomia e a souberem utilizar, não permitindo a intimidação, a manipulação e o autoritarismo, saberão combater a barbárie e o extermínio de seus semelhantes.
Por isto penso ser tão pertinente sua colocação sobre a educação na primeira infância. Se ensinarmos nossas crianças a não aceitarem tudo que se apresenta, a questionarem o motivo das coisas, a exigirem seus direitos e a cumprirem seus deveres, estaremos contribuindo na formação de cidadãos capazes de distinguir o certo do errado e não permitirem a manipulação e o autoritarismo. Também concordo com a solução da criação de um clima espiritual e social que não dê margem à repetição de atrocidades. Quando o ser humano busca sua essência no transcendente e no outro consegue vislumbrar que não é feliz sozinho, que precisa do outro e do sagrado para complementar sua existência.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Serviços Especializados em Educação Especial no Município de São Leopoldo


Pesquisei as seguintes entidades que trabalham com a Educação Especial na nossa cidade:

A) APAE – Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais: existe a 46 anos no nosso município e atende a 215 alunos, recebendo pessoas de zero a 21 anos, mas não há uma idade fixa para o aluno deixar a escola, tendo alunos até 40 anos.
109 alunos participam da parte pedagógica da escola e o restante participa de atendimentos clínicos. A instituição conta com oficina de artesanato, marcenaria, terapia ocupacional, psicopedagogia, psicomotricidade, aulas de dança, musicoterapia e informática.

B) ALDEF (Associação Leopoldense de Portadores de Necessidades Especiais e Educacionais): é formada apenas por cadeirantes, muitas pessoas, de idades variadas, participam de reuniões a cada 15 dias para avisos e palestras. Há também atendimento de crianças.
Os trabalhos realizados são diversos: peças feitas de papéis, bonecos de fuxico, pinturas, cartões e dobraduras. Em toda primeira semana de cada mês há um espaço na estação do TRENSURB para comercialização dos trabalhos..
PS: Na verdade não encontrei dados que mostrem um trabalho pedagógico mais direcionado, mas considerei importante relatar a existência desta instituição em nossa cidade, pelo trabalho de inclusão e socialização realizado.

C) ABRADEVIS (Associação de Deficientes Visuais): fundada há 10 anos com a finalidade de lutar pelo bem-estar e a dignidade das pessoas com deficiência visual. A instituição ministra vários cursos: informática, música, Braille, locomoção e mobilidade, além de grupos de convivência, esportes, atendimento jurídico, médico e encaminhamento de passe livre.

D) Associação Pandorga: é formada por autistas e possui duas casas, uma para atender os bebês e outra para atender crianças maiores. Não encontrei dados mais precisos desta instituição.

E) Associação Vida Nova: atende a aproximadamente 200 alunos surdos, mudos e alunos sem deficiência, existindo há aproximadamente 18 anos.
Proporciona ensinamentos a crianças de idade desde o período da creche, onde há alunos com deficiências múltiplas e autistas. Da 1ª a 8ª séries há aula para ouvintes e não ouvintes (surdos). Na grade curricular há o curso de LIBRAS para os alunos e também existe o curso em dois módulos para os pais aprenderem a entender o que os filhos falam.

F) CAPS (Centro de Atenção Psicossocial): existe desde 2003, é formado por uma equipe de 15 pessoas e atende quase 300 usuários, são pessoas de idades variadas, mas a maioria é adulta, normalmente que estão passando por alguma crise. O trabalho é realizado em grupos e há atividades como teatro, danças, confecção de chocolates, colares e outras bijuterias.
Há atendimento pessoal, médico, psicólogo e a instituição é ligada à Secretaria da Saúde do Município. As peças criadas nas oficinas e expostas para venda tem o dinheiro revertido para os próprios usuários.
OS: Mais uma vez coloquei esta instituição por considerar que fazem um trabalho de inclusão importante, mesmo não sendo voltado para a área pedagógica.

G) Escola Especial Estadual Aracy de Paula Hoffmann: atende a 120 alunos adolescentes e adultos de 1ª a 8ª séries, todos com deficiência mental, nos turnos manhã e tarde com aulas normais e oficinas de artesanato. Possui oficinas de pintura de caixinhas de madeira e lata e culinária. A escola possui uma sala de informática, há atividades de teatro e coral, há também um serviço de voluntariado, onde é ensinado basquete aos alunos. O dinheiro arrecadado com a venda dos materiais das oficinas reverte para os alunos, em forma de presentes e passeios feitos em instituições culturais e pontos turísticos.

H) Escola Estadual de Ensino Fundamental Marechal Ilha Moreira: atende alunos sem deficiência, alunos com baixa visão ou cegueira, utilizando o método BRAILLE.

I) NAPPI (Núcleo de Apoio e Pesquisa ao Processo de Inclusão: fundado em 2003 com o objetivo de atender as questões do processo de construção escolar. Atende alunos da rede municipal nos seguintes segmentos: atendimento terapêutico, apoio pedagógico e atendimento das famílias. O objetivo é a construção da aprendizagem da criança através de jogos confeccionados pelos profissionais do NAPPI.
Atendem às seguintes áreas do atendimento terapêutico: psicologia, fonoaudiologia, fisioterapia, psicomotricidade e psicopedagogia.

REFERÊNCIAS:

http://portalsocial.org.br/Notícias.aspx?IDNotícia=103

http://www.vivasaoleo.com.br/notiscias/visualizar.asp?Cod=7658

Refleindo sobre estes serviços fico me questionando porque ainda há tantos alunos sem atendimento? Se existem leis que obrigam o poder público a propiciar estes serviços a todod, porque não são cumpridas?
Trabalho numa escola escola estadual sem nenhum tipo de atendimento ou profissional qualificado para trabalhar com crianças com necessidades especiais. Encaminhamos para o CRA (espécie de posto de saúde municipal com psicíloga, psiquiatra e outros serviços) ou para o Seviço de atendimento da UNISINOS. Quando a família tem conv~enio médico e condições, solicitamos que busque ajuda aí.
Enfim, ainda temos um longo caminho a percorrer para que todas as crianças sejam bem atendidas, inclusive na formação dos professores, tão despreparados paa estas situações.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

REFLEXÃO SOBRE O FILME "O CLUBE DO IMPERDAR"

Este filme nos faz refletirmos sobre os diversos dilemas que encontramos na nossa prática pedagógica, quantas vezes encontramos alunos como o do filme, sem limites, sem escrúpulos, sem senso moral. Então consideramos que está em nossas mão tentar mudar aquele indivíduo. Quantas vezes fazemos como aquele professor que considerou necessário dar um chance ao aluno para tentar fazê-lo refletir sobre seu comportamento, pensando que pudesse regenerá-lo. O que pensei ser descabido foi ele retirar a chance do verdadeiro merecedor. Já dei muitas e muitas novas chances, mas nunca prejudicando um aluno merecedor.
Também, como aquele professor, já passei pela experiência de ver alunos a quem tentei regenerar e dar muitas chances chegarem à idade adulta completamente degenerados, alguns já foram mortos pelo tráfico. Isto dá uma frustração muito grande, a dúvida sobre até onde conseguimos alcançar a mente e os corações de nossos alunos e a reflexão sobre a índole dos nossos alunos, sobre como encaram a vida.