segunda-feira, 30 de novembro de 2009







AVALIAÇÃO INCLUSIVA



Estudando os textos sobre avaliação aprendi que para conseguirmos, aos poucos, uma avaliação inclusiva é preciso que tenhamos a coragem de fazer avaliações mais democráticas e participativas, que contemplem a diversidade da turma, que levem a uma reflexão-ação em busca do conhecimento crescente. O professor deve ser um facilitador da aprendizagem, levando em consideração o raciocínio do aluno na construção de novos conhecimentos.


"Avaliar não é verificar a reprodução, mas fornecer as condições para que o aluno crie algo novo. A avaliação deve ser o momento de questionar, de problematizar, de "hipotetizar" o que já foi visto." (FERREIRA, 1992,p.5)


É verdade que ainda estamos muito atrelados a avaliações tradicionais, mesmo porque a comunidade e os sistemas de ensino assim o exigem, principalmente porque cada vez há mais avaliações externas, das quais dependem as verbas recebidas. Também é verdade que para os pareceres finais, todos nós fazemos provas para fechar as notas. Mesmo assim, na medida do possível, procuro fazer algumas avaliações através de trabalhos, em grupos ou individuais, onde os alunos precisam construir coisas novas a partir dos conhecimentos adquiridos. Além disso, fazemos mensalmente uma Assembléia de Alunos, como forma de auto-avaliação e avaliação coletiva, procurando encontrar caminhos que melhorem os trabalhos e os relacionamentos da turma.
Nestes momentos é bem interessante utilizar arquiteturas pedagógicas, mesmo que não informatizadas, mas capazes de acolher didáticas flexíveis, flexibilizando o trabalho curricular, possibilitando a interdisciplinaridade, tornando a aprendizagem um trabalho artesanal, construindo saberes e fazeres novos a partir do que já foi visto.
Abaixo coloco alguns exemplos de avaliações feitas a partir de trabalhos

a) Como avaliação de Geografia os alunos fizeram,em grupos, maquetes sobre as formas de relevo e depois fizemos uma exposição no pátio da escola:

















b) Uma das avaliações de Português foi transformar, individualmente, uma poesia em história em quadrinhos:

















c) Avaliação de Ensino Religioso: representar, em duplas, as virtudes de um bom cidadão gaúcho:


sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Outras Formas de Avaliar - Arquiteturas pedagógicas



Estudando os textos de Linguagem sobre alfabetização e letramento refleti bastante sobre os diversos apelos de leitura que encontramos no nosso dia-a-dia, fora do contexto escolar, onde fazemos uma leitura constante da realidade. Assim também, refletindo sobre as diversas formas de avaliação, como este processo deve refletir a relação ensino-aprendizagem que contemplamos na nossa prática pedagógica, tornando-o uma busca pelo conhecimento, criando condições para que o aluno crie algo novo. Assim também, é preciso encontrar outras formas de avaliar, que não sempre os testes e provas que medem o conhecimento.
Dentro destas perspectivas quero relatar uma atividade que fiz com meus alunos e que no meu ponto de vista contempla os conceitos estudados:
Primeiro recortamos um anúncio de venda de um jogo de panelas de um encarte de supermercado. Colamos no caderno de Português e fizemos interpretação de texto do anúncio, vendo do que falava, características do produto, condições de pagamento, etc. Depois pedi que criassem um produto e seu anúncio,mantendo as características deste tipo de texto. Calculamos em matemática se o preço a vista era o mesmo do preço a prazo.
Depois desta atividade revisada no caderno, dei uma semana para que construíssem o produto criado, utilizando sucata, massa de modelar, argila ou material que escolhessem. Deveriam criar também um anúncio interessante para seu produto. Esta seria uma avaliação de Português, substituindo a nota de um teste. Meu objetivo era que usassem a criatividade e a imaginação na escolha do material e confecção do produto, mas que também fizessem uma produção textual dentro dos moldes de um anúncio.
No dia marcado para a apresentação, hoje, estavam empolgadíssimos em apresentar seu produto. Um por um apresentou sua criação e seu anúncio e eu fazia observações e questionamentos sobre as duas partes do trabalho, orientando sobre o que faltava ou tinha em excesso no anúncio. Apareceram carros voadores feitos de caixas de remédios revestidas, aparelhos eletrônicos cheios de funcionalidades feitos de caixinhas, argila, garrafas pet, cremes anti-celulite feitos com mistura de diversas coisas, pó de pirlimpimpim feitos com mistura de farinha, sabão em pó e outros. Um aluno fez até cartão de apresentação, como os vendedores de verdade têm. Depois que todos apresentaram fizemos um exposição para toda a escola. depois da exposição fizemos uma avaliação.
Acredito que esta atividade também pode ser uma arquitetura pedagógica pois foi uma atividade que contemplou diferentes perspectivas sobre o tema, possibilitando uma interdisciplinaridade, um trabalho artesanal e criativo, adaptando-se a diversos enfoques temáticos.
Abaixo colocarei algumas construções dos alunos:

a) Exposição feita no pátio da escola para todas as turmas com todas as construções dos alunos e seus anúncios. Os próprios alunos dividiram a exposição em produtos eletrônicos, elixires diversos e cremes e utilidades domésticas:



b) O aluno criou um celular com Play 4, jogos e outras vantagens. O anúncio ficou perfeito:

a) A Aluna criou um tônico que prolonga a vida por mais quatro anos, fez o anúncio bem direitinho:

Após a exposição os alunos fizeram a avaliação desta atividade, que segue abaixo, com suas reflexões:

* Foi legal porque experimentamos ser vendedores, experiência que pode ser usada como profissão.
* Foi interessante usar a imaginação e criar um produto que não existe.
*O trabalho ajudou a controlar a timidez na hora de apresentar.
* Usar sucatas mostrou que podemos reaproveitar muitos materiais.
* O anúncio foi importante porque era a descrição do nosso produto.
* Aprendemos a divulgar nosso produto e vimos como é difícil criar um anúncio claro e bem feito. * Foi difícil apresentar sozinho porque estamos acostumados a apresentar em grupos.
*A folha do anúncio poderia ser maior. (dei como padrão uma folha de desenho)


domingo, 15 de novembro de 2009

PLANEJAMENTO DE AULA

Após ler os textos e ver os vídeos das disciplinas de Didática, Planejamento e Avaliação e de Linguagem e Educação confirmei minhas certezas de que é necessário que o professor faça sempre seu planejamento de aula, como forma de organizar e orientar seu trabalho, dando mais objetividade, organização e sentido ao mesmo.
Como disse Paulo Freire “A ESCOLA NÃO ESTÁ A PARTE DA SOCIEDADE, ESTÁ DENTRO DELA”. Sendo assim, é necessário que nosso planejamento ajude os alunos a fazerem uma releitura da realidade, aproximando-se criticamente dela para dar significado à construção do seu conhecimento e tornando-o um cidadão crítico e participativo.
Pensando em tudo isto, e como o tema gerador que estava estudando era eleições, pois estava se aproximando a eleição de diretores das escolas estaduais e os alunos de 4ª série são os únicos que votam na minha escola e estávamos estudando monarquia e república, democracia e ditadura, resolvi fazer um planejamento sobre eleições e democracia.
O roteiro de atividades foi o seguinte, todas realizadas em grupos de quatro alunos:
1) Leitura do texto “ELEIÇÃO NA FLORESTA”, uma adaptação do Livro dos Juízes 9,8-15.
2) Dramatização da história.
3) Debate sobre formas de governo, democracia, voto direto, moral da história lida e dramatizada.
4) Produção Textual – primeiro os alunos fizeram histórias em quadrinhos a partir do texto lido e fizemos um painel com o título “EXERCER DEMOCRACIA TAMBÉM É SABER ESCOLHER SEUS GOVERNANTES”.
No segundo momento os alunos fizeram cartazes relatando a conclusão da pesquisa feita na família dada de tema: quais familiares já haviam sido eleitos pelo voto, seja para presidente de sindicato, de time de futebol, de conselho escolar ou para síndico, monitor, etc., e como tinha sido sua eleição. Fizemos um painel com o título “NOSSOS FAMILIARES PARTICIPAM DA VIDA DEMOCRÁTICA DA NOSSA CIDADE”. Os dois painéis foram para o mural do corredor com o título “4ª SÉRIE REFLETE SOBRE A DEMOCRACIA”.
5) Jogo – tocando uma música, passava uma caixinha com perguntas sobre o conteúdo estudado. Ao parar a música, quem estava com a caixinha na mão deveria retirar uma pergunta, lê-la e respondê-la.
6) Sistematização – palavras cruzadas sobre os principais conceitos estudados, que ficou de tema.
Aplicar este planejamento foi muito enriquecedor, pois auxiliou os alunos a darem maior significado para o ato de votar na escola, preparando-os para o exercício consciente da cidadania.
A seguir incluo neste relato algumas fotos da aplicação do planejamento:
a) Dramatização:













b) Mural com as produções textuais:














d) Jogo:

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

TEMAS GERADORES

Partindo das leituras realizadas, do filme visto e da minha própria prática pedagógica posso afirmar, sem dúvida, que trabalhar com temas geradores possibilita direcionar o trabalho com os alunos de forma mais significativa e organizada, possibilitando a participação efetiva dos mesmos como construtores de seu próprio saber. A partir desta construção, os alunos adquirem a capacidade de analisar e questionar a realidade, com senso crítico e responsabilidade, indicando caminhos e posicionamentos para a modificação da mesma.
Neste enfoque de trabalho é necessário que o professor abandone o comodismo que faz com que muitos profissionais se limitem a passar muito conteúdo no quadro ou pedir cópias dos livros didáticos. É necessário planejamento e organização para que o trabalho não se transforme em tumulto sem nexo e significado. É também necessário que o professor aceite a opinião e as sugestões do corpo docente da escola, socializando o saber e a prática pedagógica. É preciso também muita esperança, principalmente a de que conseguiremos transformar esta realidade tão desigual e injusta através do nosso trabalho, ajudando os educandos a refletirem sobre a realidade e encontrarem meios de mudá-la.
Na minha escola decidimos, há muitos anos atrás, trabalharmos com planos de unidades, todos com um tema gerador, normalmente com duração entre sete e quinze dias. Esta prática tem proporcionado fazermos um trabalho bastante interdisciplinar, permeando todo nosso trabalho com o tema gerador. Permite também que toda escola trabalhe em uníssono, com o mesmo tema sendo enfocado de acordo com os níveis de aprendizagem. Assim também, permite muita troca de informações e sugestões entre todo o corpo docente e equipe diretiva, direcionando todo trabalho pedagógico em função do tema gerador em questão. Mesmo assim, ficamos muito angustiadas com o cumprimento do Plano de curso, ainda mais que o crescente número de avaliações externas é que vão ditar os recursos que as escolas irão receber e é aconselhado pelo sistema de educação a que pertençe que a escola procure se adaptar aos conteúdos enfatizados nestas avaliações. Isto se dá não só por causa dos recursos, mas também pelos medidores dos níveis de aproveitamento da educação. Mais uma vez, o corpo docente tem que ter muito jogo de cintura para fazer o que julga melhor e tentar se adequar às novas exigências.
Como disse Paulo Freire " O IMPORTANTE É APRENDER A PENSAR, PENSAR A REALIDADE, E NÃO OS PENSAMENTOS."
Trabalhando com temas geradores oportunizamos que nossos alunos reflitam sobre o mundo, que aprendam a questionar, refletir e encontrar maneiras de melhorar a realidade.
Como evidência desta forma de trabalho que adotamos, mostrarei alguns momentos da escola:
















Com o tema gerador "SEMANA FARROUPILHA/GAÚCHO" estudamos o Hino Riograndense em História e reconhecemos a palavra virtude. Estudamos em Ensino Religioso seu significado e fizemos um trabalho em duplas onde cada dupla deveria representar uma virtude de um bom cidadão gaúcho. Depois fizemos um painel na sala de aula. A diretora pediu que apresentássemos numa Hora Cívica e que fizéssemos um painel no corredor e enfatizou que todas as turmas deveriam ler as virtudes de um bom cidadão e praticá-las na escola e na comunidade.

















Quando o tema gerador foi "IMPORTÂNCIA DA ÀRVORE E PRIMAVERA" estudamos a questão nas disciplinas e fizemos este painel em Artes, desenhando e pintando com a técnica de giz com água e cola e escrevemos sobre a importância da árvore para o ecossistema e sua utilidade para os humanos. Cada criança ficou livre para escrever frases, fazer acróstico ou poesia.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Reflexões a partir do filme “O MENINO SELVAGEM”:

Pensando no que disse Immanuel Kant “O homem é a única criatura que precisa ser educada. Por educação entende-se o cuidado de sua infância (a conservação, o trato), a disciplina e a instrução com a formação. Consequentemente, o homem é infante, educando e discípulo. (KANT, Editora UNIMEP, 2002). Lembrei-me destas palavras porque Victor não teve nenhum tipo de orientação e influência humanas, caminhando e vivendo como um animal, morando em tocas como eles e usando muito mais o olfato do que os outros sentidos, provavelmente sendo criado e observando animais e parecendo-se com eles. Victor não percebia o mundo como os outros seres humanos porque não teve os mesmos parâmetros das outras pessoas, aprendeu a “ler” o mundo como os animais com quem convivia.
Analisando a reação das outras pessoas ao conhecerem Victor percebemos como o preconceito e a repulsa ao diferente sempre estiveram presentes na sociedade. As pessoas não viam o menino como um humano que não teve a oportunidade de aprender com outros humanos hábitos, costumes e cultura. Viam-no como um deficiente, alguém incapaz de aprender ou conviver com outras pessoas, de desenvolver hábitos e atitudes considerados normais para nossa civilização. Neste aspecto, o filme mostra bem o que a sociedade da época fazia com as pessoas consideradas diferentes: eram rotuladas como incapazes e levadas para instituições que cuidassem delas, poupando a sociedade considerada “normal” do convívio com estas pessoas.
Jean Itard utilizou o modelo clínico de educação, enfatizando terapias para o desenvolvimento da fala e a cura da possível surdez ou deficiência, tentando assim sua reabilitação para os parâmetros normais de comportamento, pois em 1802 ele afirmou que o surdo podia ser treinado para ouvir palavras. Considero que o médico foi muito paciente e dedicado, trabalhando as dificuldades do menino de acordo com o que ele considerava certo. Utilizou o recurso do prêmio para o sucesso e castigo para os fracassos. Este método parece-nos, a princípio, muito cruel, mas refletindo podemos reconhecê-lo em muitas das nossas práticas, seja como mães ou como educadoras.
Uma peculiaridade do trabalho de Itard é que ele não deixava Victor se comunicar por sinais, insistia para que o menino falasse letras e palavras. Sabemos que o ser humano aprende
a falar nos primeiros dois anos de vida, como não teve contato com humanos, não desenvolveu esta habilidade. O médico utilizou algumas estratégias que reconheço em trabalhos de fonoaudiólogos e professores de técnica vocal: sentir o som nas cordas vocais com a mão no pescoço e soprar uma vela para dosar a intensidade do ar, técnicas utilizadas por ele para desenvolver a fala em Victor. Se pensarmos na evolução do tratamento e aprendizagem de pessoas surdas hoje, veremos que Victor aprendeu rapidamente a se comunicar e que tentava usar sinais como os meninos da instituição onde foi colocado no início do filme. Talvez por acreditar que não se tratava de uma pessoa surda e por defender a teoria que os surdos poderiam ser treinados para ouvir, Itard insistiu constantemente para que o menino falasse e aprendesse o alfabeto e a escrita, treinando a motricidade fina, a percepção visual e auditiva.
No que diz respeito à afetividade, Victor também não a conhecia, mas aos poucos aprendeu a estimar as pessoas que se dedicavam ao seu tratamento e lhe davam atenção. Aprendeu a demonstrar alegria, satisfação, medo e revolta. Reconheceu o esforço que Itard e sua governanta faziam para educá-lo e percebeu a importância de ter um lar.
Comparando a história de Victor com a história dos surdos, encontramos muitas semelhanças: o modelo clínico de tratamento, a insistência e os métodos para desenvolver a fala, a proibição de usar a linguagem de sinais, a discriminação e o preconceito. Assim como os surdos eram retirados do convívio em sociedade, o menino selvagem também foi considerado incapaz de conviver com as pessoas, tanto que logo foi rotulado de idiota, como eram reconhecidas as pessoas com deficiência mental. Por outro ângulo, podemos comparar as duas histórias no que diz respeito à superação. Assim como os surdos, que enfrentam o preconceito e o descaso da sociedade, Victor superou as dificuldades e progrediu consideravelmente.
Este filme me fez refletir muito sobre como nós vemos o diferente nas nossas escolas, a dificuldade e a resistência que muitos professores têm de fazer um trabalho diferenciado, contemplando a evolução das potencialidades que a criança com dificildades especiais tem. Também refleti sobre a afetividade, a necessidade de combinarmos a razão com a emoção para fazermos um trabalho que faça a diferença nesta sociedade tão consumista. Neste ponto, procuro incentivar a afetividade entre meus alunos, fazendo dinâmicas que propiciem os relacionamentos, trabalhando virtudes e valores e incentivando o respeito às diferenças.
PEDAGOGIA DE PROJETOS - PONTOS POSITIVOS E DESAFIOS:

Como principal aspecto positivo do trabalho com projetos podemos citar a globalização e interdisciplinaridade de conteúdos, relacionando- os com o tema gerador (ou centro de interesse) e entre si, de maneira a facilitar a construção de conhecimentos.
Outro ponto positivo é o trabalho em equipe, onde os alunos tornam-se agentes da aprendizagem através da pesquisa e do trabalho em grupo, tornando mais significativa e interessante a construção de seu conhecimento.
Como aspecto desafiador e até preocupante considero o cumprimento do plano de curso adotado pela escola, com cada vez mais conteúdos. Trabalho na rede estadual e há uma grande preocupação com as avaliações externas, em trabalhar conteúdos de acordo com estas provas, visto que as verbas recebidas dependem em parte do desempenho das escolas nestas provas. Outro ponto desafiador é motivar as crianças de tal forma que elas queiram pesquisar, ir além da sala de aula, assim como as fontes para pesquisa, visto que muitos não tem as mínimas condições de vida e de acesso aos meios de comunicação.

Refletindo sobre todas as leiuras e as experiências que tive com projetos de aprendizagem, aprendi que esta é uma maneira bastante democrática de trabalhar, partindo do interesse dos próprios alunos que assim pesquisam e constroem seu próprio conhecimento. Algumas vezes trabalho assim, incentivando os alunos para que eles próprios pesquisem sobre o tema a ser estudado, propicinado que construam suas hipóteses. Muitas vezes, porém, esbarro no problema de que são sempre os mesmos que pesquisam e também na dificuldade de muitos pesquisarem, pois como não possuem condições em casa, também não procuram fontes de consulta em outro lugar.

domingo, 18 de outubro de 2009


Reflexões sobre o texto "ALFABETIZAÇÃO DE ADULTOS: AINDA UM DESAFIO"


Refletindo sobre este texto aprendi que o principal objetivo da EJA é garantir o direito a uma escolarização de qualidade. Este é um desafio de ordem política, visto que almeja ampliar os ganhos de consciência dos grupos populares ao refletir sobre sua realidade e sobre seu mundo.

Neste sentido, a possibilidade de escrever está muito ligada ao valor que esta proposta tem para cada indivíduo, a possibilidade de comunicação com seus entes queridos e com o mundo, como forma de expressar a vida.

Vimos neste texto também que é preciso considerar o saber intelectual dos adultos não escolarizados, os meios que desenvolveram para "ler" o mundo e seu grau de letramento, pois são pessoas que operam cognitivamente e não meros depósitos de informações, possuindo progessão nas etapas de desenvolvimento assim como as crianças. Para estas pessoas, perceber a construção social do código escrito e apropriar-se dele pode ser um dos passos para perceberem as relações sociais do mundo.

Os fracassos reconhecidos desta modalidade de ensino são o alto índice de evasão, aprendizagem fraca e nivel de ganho de consciência muito baixo. Como causas para este fracasso podemos reconhecer a ordem interna do próprio projeto, nem sempre adequado à demanda da clientela e ao preparo do professor, causando equívocos permanentes. Assim também uma sociedade excludente, marginalizadora das camadas mais pobres da população, o que resulta uma escolaridade sem qualidade. Outro fator de fracasso é que estes alunos são trabalhadores mais braçais, com desgaste físico maior, que chegam na escola já cansados, em que o peso da educação é menor que o peso da luta pela sobrevivência, tendo dificuldades de aprendizagem devido a todos estes fatores.

Refletindo sobre todos estes conceitos pude constatar mais uma vez que as leis que regem nosso sistema educacional são boas e deveriam cumprir a função social de diminuir as diferenças e minimizar as exclusões já institucionalizadas. O que vimos, no entanto, que também na EJA falta empenho político para seu bom funcionamento, condições físicas e pedagógicas para que seja um projeto realmente vitorioso, que contribua para resgatar a dignidade e a cidadania das camadas mais prejudicadas da população.


REFERÊNCIAS:

HARA, Regina. Alfabetização de Adultos: ainda um desafio.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Análise do filme "SEU NOME É JONAS"
Primeiramente a grande dificuldade do Jonas foi que levaram muito tempo para descobrir sua surdez e o rotularam como retardado e diferente dos outros, incapaz de conviver em sociedade, permanecendo três anos numa instituição que só cuidava de sua subsistência. Outro problema muito grande era o conflito familiar, onde a mãe se culpava pelo problema do filho, mas como toda mãe dedicada, procurava alternativas de progresso e tentava inseri-lo no convívio com sua comunidade. O pai se envergonhava de suas limitações, até tentou inseri-lo no seu cotidiano, mas como muitos pais que conhecemos, desistiu do menino e preferiu fugir da situação, deixando toda responsabilidade a encargo da mãe.
Os vizinhos e amigos da família também apresentavam muita resistência em conviver com o menino, tachando-o sempre de retardado, sem condições de conviver normalmente e brincar como as outras crianças. Entendemos que todo diferente assusta e as pessoas, por arrogância ou ignorância, acabam resistindo e excluindo. A família da mãe era mais compreensiva, procurando conviver bem, dentro das limitações, com Jonas.
A mãe procurou ajuda e escolarização num método chamado “Terapia da Palavra”, onde a criança deveria aprender a falar por repetição, mesmo que sem significado. Tinham a visão errônea de que a criança não poderia se comunicar por sinais porque nunca aprenderia a falar. O objetivo da escola era que as crianças surdas fossem o mais semelhante possível com os ouvintes, sem dúvida um massacre psicológico para aqueles alunos que não poderiam utilizar a expressão corporal e apenas imitar a professoras, como se fosse um adestramento.
O menino Jonas só teve oportunidade de inserir-se verdadeiramente numa comunidade quando começou a aprender a linguagem de sinais e passou a se comunicar e sua família aprendeu os sinais para interagir com ele. Mais uma vez a mãe teve o amor necessário e a persistência para buscar alternativas que tornassem o menino uma criança feliz.
Refletindo sobre o filme podemos aprender que muitas vezes fazemos diagnósticos precoces, rotulando crianças sem conhecimento real do caso. É necessário que tenhamos muito cuidado com pré-julgamentos e saibamos avaliar corretamente quais as dificuldades e limitações dos nossos alunos para que não cometamos injustiças que possam marcar infinitamente as vidas deles. neste sentido, o filme foi bastante produtivo e esclarecedor, fazendo-nos refletir sobre nossas práticas pedagógicas, que muitas vezes não contemplam as necessidades dos nossos alunos.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Respostas ao Questionamento da tutora margarete sobre postagem "Conclusão da Nossa Pesquisa np PA":

No relato que apresentei sobre a maneira que encontro de construir limites e regras com meus alunos posso apontar que através desta construção os alunos imitam um modelo sugerido por mim, experimentam esta realidade participando ativamente das responsabilidades da sala, discutindo nas assembléias e construindo novas alternativas para que o clima de bom relacionamentos, os direitos e deveres de cada um sejam respeitados e praticados. Assim também, discutimos quando algum aluno tem um mau comportamento e infringe as regras, procurando refletir sobre causas e consequências e atitudes a tomar. Procuro sempre dar o exemplo de conduta para que eles possam ter um parâmetro de referência.
Encontro estes pontos de vista em Kant (3ªEd., 2002), Sobre a Pedagogia, quando diz que o homem é a única criatura que precisa ser educada, pois é infante, educando e discípulo, quando diz que é a disciplina que transforma a animalidade em humanidade, uma vez que as disposições naturais do ser humano não se desenvolvem por si mesmas.
Assim também poso citar Içami Tiba no seu livro Disciplina:limite na medida certa. Novos Paradigmas (São Paulo, 2006) que diz que é essencial à educação saber estabelecer limtes e valorizar a disciplina. E para isto é necessária a presença de uma autoridade saudável, adotada para que a oura pesoa se torne mais educada e disciplinada através do respeito à auto-estima.
É isto que procuro fazer com meus alunos, ajudando-os a construírem sua auto-estima, respeito e cidadania, através da participação na responsabilidade coletiva do bom andamento dos trabalhos e do relacinamento da nossa turma.

domingo, 27 de setembro de 2009

Conclusão da nossa pesquisa no PA

Concluindo os estudos e questionamentos que fizemos durante nossa pesquisa podemos afirmar que chegamos à conclusão que os limites são adquiridos.
Constatamos que os comportamentos infantis são adquiridos por meio da imitação, da experimentação e da invenção, sendo assim, a criança precisa do exemplo e da orientação de seus pais e familiares para aprender quais são seus limites individuais e relacionais. A criança procura testar seus limites e se suas atitudes agradam os adultos tende a repetir seu comportamento, pois ainda não tem condições de avaliar suas atitudes. Se os pais e familiares aceitam o mau comportamento estão incentivando a criança a romper com o limite natural que deve ser imposto desde a primeira infância., pois são eles que devem transmitir o que é aceitável ou não, adequado ou não.
Na escola, assim como na sociedade, os limites também devem ser ensinados como forma de manter os relacionamentos de maneira sadia e respeitosa. Para tanto, os alunos devem participar da elaboração das regras para dar sentido e significado aos limites necessários ao bom convívio e ao exercício consciente de sua liberdade.
Aprendemos assim que realmente precisamos dar limites para nossas crianças e jovens para que aprendam a usar bem sua liberdade e respeitar os direitos dos outros, assim construindo uma cidadania capaz de tranformá-lo num cidadão crítico e responsável.
Dentro deste contexto, sempre procuro construir com meus alunos as regras de convivência da turma para que se comprometam a respeitá-las. Também utilizo o Quadro de Responsabilidades, com responsabilidades para todos os alunos, para que se comprometam com alguma tarefa que leve ao bom andamento da turma, como organizar a sala, cuidar das caixas delivrinhos e jogos, distribuir material e outras. Ao final de cada mês fazemos uma Assembléia de alunos, onde cada um vai ao microfone falar como foi sua atuação e a colaboração dos colegas e o que precisa melhorar. Então fazemos o rodízio de responsabilidades, onde cada um escolhe onde quer atuar naquele mês. Abaixo está a foto de uma assembléia do ano passado, visto que este ano ainda não fotografei nenhuma das assembléias já ocorridas.

sábado, 19 de setembro de 2009

O QUE É EJA?
A EJA é Educação de Jovens e Adultos. Uma categoria organizacional constante da estrutura da educação nacional, uma modalidade da educação básica, nas suas etapas fundamental e média. É uma promessa de qualificação de vida para todos. Representa também o resgate de uma dívida social com os que não tiveram acesso ao domínio da leitura e escrita durante a infância ou adolescência, seja pela oferta irregular de vagas, seja pela inadequação do sistema de ensino ou pelas condições sócio/econômicas desfavoráveis. Apresenta aí sua Função Reparadora, reconhecendo a igualdade de todos os cidadãos e seu direito básico a uma escola de qualidade, baseada no princípio da igualdade e da liberdade. É importante não confundir a noção de reparação com a suprimento, para tanto é preciso um modelo pedagógico que crie situações de aprendizagens que satisfaçam as necessidades dos alunos jovens e adultos.
A Função Equalizadora da EJA vai dar cobertura a trabalhadores e a tantos outros segmentos sociais que tiveram uma interrupção forçada nos estudos, recebendo maiores oportunidades que os alunos da escola regular, procurando readquirir a oportunidade de igualdade na sociedade competitiva e no campo profissional.
A Função Permanente da EJA é propiciar a todos a atualização de conhecimento por toda a vida, que também pode ser chamada de qualificadora. É o apelo pela educação permanente e a criação de uma sociedade educada, é também um apelo para que as instituições de ensino e pesquisa produzam adequadamente material didático para este público.
Aprendi nestes estudos que a EJA tem a grande função social de resgatar a oportunidade de estudar de muitos cidadãos que tiveram que abandonar a escola, na maioria das vezes porque precisavam trabalhar e ajudar no sustento da família ou porque sua condição sócio/econômica de alguma maneira contribuiu para sua exclusão dos sistemas de ensino. É um dever do Estado oportunizar condições para que estes cidadãos tenham o resgate de sua dignidade através da oportunidade de ingressar no mundo da leitura e escrita.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Respostas aos questionamentos da tutora Margarete feitas em 09/09/2009:

Refletindo sobre o contexto histórico e cultural da época de Comênio penso que o mesmo não contemplava uma educação para todos, pois havia muito preconceito e discriminação, tanto em relação ao sexo feminino quanto às classes sociais menos favorecidas, que normalmente ficavam excluídas do mundo da cultura e da formação qualificada. Talvez por isto Comênio lutava tanto por uma escola para todos.
Refletindo sobre a escola hoje e se o currículo contempla sentimentos positivos ente os alunos acredito que sim, tudo vai depender da proposta da escola. Na minha escola está na prática pedagógica trabalhar valores, virtudes e uma cultura de inclusão, de acolhimento e de cooperação entre professores e alunos. Adotamos esta postura para também evitar a violência, o desrespeito, a exclusão, além de formar cidadãos íntegros e participativos.
Penso também que é possível a escola partir das vivências dos alunos, valorizando sua história e seu contexto como maneira de dar significado à aprendizagem. Exemplo disto é o trabalho sobre a formação do povo gaúcho e as origens dos alunos que fiz na minha 4ª série, cuja primeira parte, que foi o mosaico étnico, coloquei uma foto no portfólio. Através da origem das famílias estudamos a contribuição destes povos para a cultura do Rio Grande.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

A DIDÁTICA DE COMÊNIO


Estudamos a proposta pedagógica de Cômenio, do século XVII, considerado "pai da didática", que queria ensinar tudo a todos, procurando um método onde realmente os alunos aprendessem e não decorassem simplesmente.


Nesta atividade eu aprendi que a escola atual ainda segue os passos
de Comênio, buscando o ensino para todos, a consideração ao aluno, sua capacidade de compreensão, partindo da experiência do aluno para que ele próprio construa seu conhecimento a partir de suas observações.

Comênio também mostra a importância do bom relacionamento entre professores e alunos e a importância de oportunizar situações onde os alunos com maior facilidade de aprendizagem auxiliem os que têm maior dificuldade.

Esta aprendizagem foi muito significativa porque me mostrou que já no século XVII havia a preocupação com uma escola de qualidade para todos, pois já escreveu Comênio na sua Carta Magna "...escolas tais que toda a juventude de um e de outro sexo, sem exceptuar ninguém em parte alguma, possa ser formada nos estudos,..", almejando uma escola onde os estudantes aprendessem mais, sem tédio, sem enfado, sem trabalho inútil e com real progresso.

Refletindo sobre esta aprendizagem penso em como nossas escolas seguem os passos ditados por Comênio, como minha prática pedagógica está repleta destes ensinamentos, no momento em que procuro fazer com que minha sala de aula seja um lugar de acolhimento, de inclusão, onde todos trabalham cooperativamente para que todos aprendam. Procuro partir da experiência dos alunos, fazer com que eles exponham o que já sabem sobre o assunto trabalhado, que troquem experiências, que pesquisem e construam alternativas para a solução de problemas.
Abaixo anexei uma foto dos meus alunos construindo um mosaico sobre suas origens étnicas:


domingo, 30 de agosto de 2009

Reflexão sobre o texto "O Menininho", de Helen Buckley

Toda vez que leio este texto me vem a mente a grande responsabilidade que nossa profissão traz consigo: a capacidade que temos de marcar a vida e o pensamento de nossos alunos, transformando sua postura, seu posicionamento frente a vida, a ponto de torná-lo um ser participativo e construtivo ou alguém sem iniciativa e autonomia.
Talvez muitos professores tolham seus alunos devido a sua própria insegurança de ensinar, talvez porque sempre foram ensinados assim e apenas reproduzem um modelo. É preciso reconstruir a cada dia nossa prática pedagógica, ter a coragem de enfrentar dificuldades e críticas, fazer sempre uma auto-avaliação e procurar progedir a cada dia. Na verdade ninguém tem uma fórmula pronta e tudo depende do professor, da turma, da escola e da comunidade em que está inserido. Mas tentar progredir é sempre melhor do que se engessar.
Refletir sobre nossa própria prática pedagógica sempre causa uma desacomodação e uma inquietação, mas penso que nos dias de hoje precisamos desta reflexão se não queremos perder mais espaço para tantas mídias e tecnologias. Além disto, nossos alunos merecem profissionais conscientes de seu papel para que não se repitam absurdos como na hstória do menininho.

Bem-vindos ao Segundo Semestre de 2009!! Bom trabalho a todos!!


" A grande beleza da vida está no fato de que o indivíduo deverá colher os resultados de sua própria experiência. O homem é livre mas responsável. Livre mesmo para colher a revolta ou a desobediência, mas obrigado a responder por ela. É justo que ao erro seja adequada sanção.

Cada qual semeia em seu terreno o que quiser e ninguém pode semear por nós.

A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória."

Autor Desconhecido


Desejo que neste semestre façamos todos escolhas boas e construtivas!!

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Sejam bem vindos ao meu






domingo, 21 de junho de 2009



Aplicação do Planejamento da Proposta Prática
PEAD/UFRGS – Pólo de São Leopoldo
Disciplina de Questões Étnico – Raciais na Educação
Leila Maria Linck Wasum


1) Como tarefa inicial dei uma semana antes a incumbência de retomarem a pesquisa sobre sua origem, visto que depois de feito o mosaico muitos pais mandaram dizer que tinham lembrado que também tinham outra origem. Dei no mesmo dia a tarefa de irem coletando pertences familiares para fazermos uma exposição.

2) No primeiro dia de trabalho fizemos um levantamento sobre a pesquisa das origens, escrevendo no quadro todos os grupos étnicos existentes na sala de aula e colocando o nome de cada aluno, de acordo com a pesquisa feita, mesmo que aparecesse em vários grupos. Em seguida repartimos a turma em grupos, de acordo com as etnias que apareceram. Nesta fase cada criança só poderia participar de um grupo. Apareceram os seguintes grupos étnicos na turma 41, de acordo com a origem dos alunos:
* indígenas * italianos
* portugueses * espanhóis
* africanos * poloneses
*alemães * húngaros (dois alunos)
Os alunos ficaram admirados com a quantidade de descendentes alemães existentes na turma, mesmo que misturados a outra etnia. Expliquei que como estudaram na 3ª série estamos numa zona de colonização alemã e por isto esta origem é tão forte.
Como segundo momento reuniram-se nos grupos já divididos e foram pesquisar nos livros e materiais coletados, discutindo possibilidades e iniciando o trabalho de confecção de cartazes para cada grupo.













3) No segundo dia de trabalho os alunos deram continuidade a confecção do material áudio-visual. Nos cartazes deveria constar nome da etnia, de onde e quando vieram, onde se localizaram e quais as influências deste grupo para a cultura do Rio Grande do Sul. Eles deveriam colar figuras coletadas em casa e na escola. Por fim deveria constar quais alunos da turma tinham suas origens nesta etnia, deixando espaço para os colegas que estavam em outros grupos mas também tinham esta origem,. Por final fizemos um rodízio na sala ond
e cada aluno pode ir aos grupos étnicos de suas origens e colocar seu nome. Eu também coloquei meu nome no grupo dos alemães. Depois cada grupo apresentou seu trabalho para a turma.

Depois dos materiais preparados, cada aluno apresentou seus pertences familiares para os colegas, contando a história dos mesmos e de sua família.
Para finalizar o trabalho fizemos uma exposição no pátio da escola com o mosaico, os cartazes e os pertences familiares, onde os alunos explicavam para as outras turmas o objetivo do trabalho, os povos que formaram o RS e a história dos objetos.













Avaliação da Atividade feita pelos Alunos:

Os alunos consideraram que:
Achamos legal a atividade porque tinha coisas da nossa família que não sabíamos e aprendemos.
Descobrimos nossa verdadeira origem e envolvemos os pais e avós na pesquisa.
Muito interessante porque conhecemos um pouco mais dos nossos colegas.
Coletando os pertences familiares descobrimos que eles são importantes para nossa família.
Os pais tiveram que buscar coisas da memória das famílias, alguns que os filhos nem conheciam.
Achamos interessante expor para as turmas menores porque eles puderam conhecer os povos que formaram o RS e puderam conhecer mais sobre nossa vida.
A parte negativa foi que os menores queriam mexer na exposição e nós nos estressamos para chamar a atenção.


Minhas Reflexões:

No meu ponto de vista esta atividade foi extremamente positiva e gratificante, em primeiro lugar porque envolveu as famílias e fizemos um verdadeiro resgate das origens das crianças, visto que algumas nem sabiam de que povos descendiam. Em segundo lugar os alunos perceberam que todos os povos são importantes, que todos deram e dão sua contribuição para nossa cultura e desenvolvimento, valorizando todas as etnias e a história destes povos.
Também foi muito gratificante a parte dos pertences familiares, onde cada aluno apresentou um pouco da sua história particular, mostrando orgulho e satisfação em partilhar com os colegas de coisas tão importantes da sua história.
Penso que foram momentos de verdadeiro resgate da história pessoal de cada um, do sentimento de pertencimento familiar e étnico, de valorização pessoal e social. A exposição também foi um momento de muito orgulho, por poderem mostrar sua história dentro do contexto histórico que estamos estudando. Foram momentos de grande aprendizagem da história e da cultura, mas principalmente de valorização da sua própria história.
Relacionando este trabalho com o texto “Os Índios no Brasil, quem são e quantos são” (LUCIANO – BANIWA, dos Santos) considero importante ressaltar que a interculturalidade deve ser vivida na escola, possibilitando a convivência e a troca de experiências entre culturas diferentes, incentivando o diálogo e o respeito às diferenças, tanto étnicas como sociais e culturais. Isto é importante para superar uma cultura de preconceitos e pré-conceitos que criam uma rede de violência e intolerância na sociedade. Se a diversidade cultural é um patrimônio da humanidade, cabe à escola trabalhá-la em toda a sua dimensão para que nossas crianças aprendam que nenhum povo é superior ou inferior a outro e que o convívio pacífico e o respeito às diferenças deve ser uma prática constante para a construção de um mundo mais pacífico e justo.


REFERÊNCIAS:

LUCIANO-BANIWA, Gersen dos Santos. Os Índios no Brasil, Quem São e Quantos São, O Índio Brasileiro: o que você precisa saber sobre os povos indígenas no Brasil de hoje – Brasília, 2006.

KOTECK, Luis Morais. Conhecendo o Rio Grande do Sul, Editora Ática

KRÄMER, Elva Verlang. Rio Grande do Sul – Estudos Sociais, FTD


PLETTI, Felipe. História do Rio Grande do Sul, Editora Ática

SCHNEIDER, Regina Portella. Geografia do RS, FTD

RIOCELL, Rio Grande do Sul – Continente Múltiplo (produção da empresa)

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Reflexões sobre o texto "sobre a pedagogia" de Immanuel Kant
Considerei o texto de Kant muito rico porque fala de um assunto muito discutido nas escolas: a necessidade de disciplina, limites e educação, reforçando o que tanto "martelamos" nas escolas: a educação começa em casa, pelo exemplo dos pais, pelas orientações e limites que dão aos seus filhos. A disciplina, que muitos acham ser uma coisa de antigamente, é que vai tornar o ser humano menos animal, aprendendo a seguir regras e a sentir a força da lei. Não que devemos tornar a família e a escola um campo de concentração, onde as crianças sejam bonequinhos manipuláveis, sem senso crítico ou voz ativa, mas educá-las para respeitar regras, o direito do outro e o bem comum.
Relatei numa reunião de professores o que Kant diz que o ser humano é a única criatura que precisa ser educada, entendendo-se por isto o cuidado de sua infãncia, a disciplina e a instrução. Foi tão proveitoso o debate sobre o que li que vamos usar o texto na reunião de pais, que cada vez mais fogem de suas responsabilidades e depositam a educação de seus filhos totalmente na escola. A carga fica muito pesada para as professoras que tem que dar conta de ensinar regras básicas de conduta e convivência para as crianças que vem totalmente sem limites. Os pais, assim como as professoras, não devem ter medo de usar sua autoridade para tornarem nossas crianças seres sociáveis, capazes de conviverem pacificamente com seus semelhantes, respeitando as diferenças e os direitos dos demais.

sábado, 30 de maio de 2009

Os Índios no Brasil

PEAD/UFRGS – Pólo de São Leopoldo
Disciplina de Questões Étnico – raciais na Educação
Leila Maria Linck Wasum

Ao se falar dos índios no Brasil, na verdade se está falando dos povos originários, isto é, os povos que já habitavam a América muito antes da chegada dos europeus, sendo assim, os verdadeiros donos da terra. É por isto que Sepé Tiaraju costumava repetir “Esta terra tem dono”, como se ouve em muitos relatos históricos.
Falando-se dos povos indígenas há certa divergência entre os órgãos que contam estas etnias quanto ao número de índios existentes no país, mas sabe-se que muitos povos esconderam ou negaram sua identidade como forma de auto-preservação, fugindo de preconceitos e extermínios. Sabe-se, porém, que desde os anos 90 há um movimento de reetinização, ou seja, reconquista de suas identidades e do orgulho de sua etnia. A consolidação do movimento indígena, a oferta de políticas públicas específicas e a crescente revalorização das culturas indígenas estão possibilitando a recuperação do orgulho étnico e a reafirmação da identidade indígena.
Apesar de os dicionários contarem com a denominação “índio ou indígena” como os seres naturais de um lugar, sabemos que historicamente receberam este nome porque os europeus que chegaram às Américas acreditavam ter chegado às Índias. Sendo assim, índio sempre foi um termo pejorativo, que indicava alguém sem civilização, incapaz e preguiçoso ou um ser romântico, protetor da natureza. A partir da década de 70, o movimento indígena organizado começou a resgatar a auto-imagem destes povos mudando o sentido pejorativo para outro positivo de identidade multiétnica de todos os povos nativos do Continente Americano, superando o sentimento de inferioridade imposto pelos colonizadores europeus. O índio de hoje orgulha-se de ser portador de uma civilização própria e de pertencer a uma ancestralidade particular.
As relações sociais mais fortes entre os povos indígenas são as de parentesco e de aliança que cada povo ou grupo familiar estabelece. Em geral, a base de sua organização social é a família extensa, entendida como uma unidade social articulada em torno de um patriarca ou de uma matriarca, por meio de relações de parentesco ou afinidade política ou econômica. As alianças se 3stabelecem a partir de necessidades estratégicas comuns entre aliados e são muitas vezes temporais. As relações de alianças e de inimizades constituem o equilíbrio social dos grupos e dos povos, uma espécie de contrato social.
Ao falarmos da diversidade cultural indígena brasileira estamos falando da diversidade de civilizações autônomas, de culturas, de sistemas políticos, jurídicos, econômicos e organizações sociais equivalentes, mas diferentes. Isto é, cada povo, cada nação indígena tem sua própria identidade e organização social, política e econômica, de acordo com seu grupo e suas alianças. Deste modo, concluímos que não existe uma única identidade cultural indígena brasileira, mas diversas identidades que coexistem e convivem de forma harmoniosa, facultando e enriquecendo as várias maneiras possíveis de indianidade, brasilidade e humanidade. As culturas indígenas são concretas, como concretos são os que dão vida a elas, mantendo o papel socializador e educador da família, aplicando os sábios conceito milenares e praticando o respeito à natureza, manifestando, assim, sua personalidade coletiva e de alteralidade.
Os pré-conceitos que surgiram ao redor da figura do índio se devem ao olhar dos colonizadores europeus, que, comparando-os com sua forma de cultura e civilização, considerou-os como seres aculturados e não civilizados, não levando em conta sua diversidade e cultura próprias. Sendo assim, as contradições entre índios X povos indígenas nasceram deste julgamento igualitário que julgava todos os índios iguais e incivilizados, não levando em conta que cada nação indígena tinha sua própria organização sócio-cultural e suas particularidades quanto à língua e organização social. Daí também surgiu a contradição de generalização X identidade étnica, pois os europeus consideravam os índios portadores de uma só cultura, não levando em conta a identidade étnica de cada nação, sua organização social, política e econômica, que embora diferentes, conviviam de forma harmoniosa.
Como maneira de desfazermos estes pré - conceitos é necessário revertermos esta visão de que os índios eram incivilizados e mostrar aos nossos alunos que eles possuíam e possuem até hoje nações bem organizadas social, político e economicamente bem constituídas. Outra maneira é mostrarmos a trajetória discriminatória destes povos através da nossa história como causa da marginalidade e pobreza que muitos povos, como os caingangs no RS, sobrevivem até hoje. Tentar resgatar a originalidade destes povos como verdadeiros donos das terras que ocupamos indiscriminadamente.


REFERÊNCIAS:
LUCIANO – BANIWA, Gersen dos Santos. Os índios no Brasil, retirado do livro “O índio brasileiro, o que você precisa saber sobre os povos indígenas no Brasil de hoje”, Brasília, 2006.

Estudando sobre as etnias no Brasil mais uma vez tenho a certeza de que poderemos construir em nossas salas de aula espaços de inclusão e valorização de todos os povos, fazendo com que nossos alunos sintam-se orgulhosos de suas origens. Podemos perceber também o longo caminho de domínio e opressão que muitos povos tiveram que se submeter por causa da cultura européia, que sempre se considerou o berço da sabedoria e da cultura, não importando se este domínio mantinha outras culturas estranguladas. Penso ser nosso dever deixar de ensinar aquela visão romântica da história e colocar nossos alunos a par de tantos fatos importantes.

sábado, 23 de maio de 2009

Reflexão sobre o ensaio do filósofo alemão Theodor Adorno "Educação Após Auschiwitz"

Refletindo sobre o texto podemos verificar a análise do autor sobre o perigo do genocídio da 2ª guerra se repetir.A principal solução encontrada pelo autor para evitar esta repetição seria a autonomia, a força para a reflexão, para a auto-determinação, para a não participação cega e inquestionável, que não permite que o ser humano seja manipulado e subjugado. É contrapor-se a qualquer supremacia coletiva cega e aumentar a resistência contra ela.
Sendo assim, fortalecer a educação na primeira infância, depois o esclarecimento geral, criando um clima espiritual, cultural e social que não dê margem a uma repetição, tornando conscientes os motivos que levaram ao horror.
Em minha opinião a solução encontrada é corretíssima, pois quando os indivíduos tomarem conhecimento de sua autonomia e a souberem utilizar, não permitindo a intimidação, a manipulação e o autoritarismo, saberão combater a barbárie e o extermínio de seus semelhantes.
Por isto penso ser tão pertinente sua colocação sobre a educação na primeira infância. Se ensinarmos nossas crianças a não aceitarem tudo que se apresenta, a questionarem o motivo das coisas, a exigirem seus direitos e a cumprirem seus deveres, estaremos contribuindo na formação de cidadãos capazes de distinguir o certo do errado e não permitirem a manipulação e o autoritarismo. Também concordo com a solução da criação de um clima espiritual e social que não dê margem à repetição de atrocidades. Quando o ser humano busca sua essência no transcendente e no outro consegue vislumbrar que não é feliz sozinho, que precisa do outro e do sagrado para complementar sua existência.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Serviços Especializados em Educação Especial no Município de São Leopoldo


Pesquisei as seguintes entidades que trabalham com a Educação Especial na nossa cidade:

A) APAE – Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais: existe a 46 anos no nosso município e atende a 215 alunos, recebendo pessoas de zero a 21 anos, mas não há uma idade fixa para o aluno deixar a escola, tendo alunos até 40 anos.
109 alunos participam da parte pedagógica da escola e o restante participa de atendimentos clínicos. A instituição conta com oficina de artesanato, marcenaria, terapia ocupacional, psicopedagogia, psicomotricidade, aulas de dança, musicoterapia e informática.

B) ALDEF (Associação Leopoldense de Portadores de Necessidades Especiais e Educacionais): é formada apenas por cadeirantes, muitas pessoas, de idades variadas, participam de reuniões a cada 15 dias para avisos e palestras. Há também atendimento de crianças.
Os trabalhos realizados são diversos: peças feitas de papéis, bonecos de fuxico, pinturas, cartões e dobraduras. Em toda primeira semana de cada mês há um espaço na estação do TRENSURB para comercialização dos trabalhos..
PS: Na verdade não encontrei dados que mostrem um trabalho pedagógico mais direcionado, mas considerei importante relatar a existência desta instituição em nossa cidade, pelo trabalho de inclusão e socialização realizado.

C) ABRADEVIS (Associação de Deficientes Visuais): fundada há 10 anos com a finalidade de lutar pelo bem-estar e a dignidade das pessoas com deficiência visual. A instituição ministra vários cursos: informática, música, Braille, locomoção e mobilidade, além de grupos de convivência, esportes, atendimento jurídico, médico e encaminhamento de passe livre.

D) Associação Pandorga: é formada por autistas e possui duas casas, uma para atender os bebês e outra para atender crianças maiores. Não encontrei dados mais precisos desta instituição.

E) Associação Vida Nova: atende a aproximadamente 200 alunos surdos, mudos e alunos sem deficiência, existindo há aproximadamente 18 anos.
Proporciona ensinamentos a crianças de idade desde o período da creche, onde há alunos com deficiências múltiplas e autistas. Da 1ª a 8ª séries há aula para ouvintes e não ouvintes (surdos). Na grade curricular há o curso de LIBRAS para os alunos e também existe o curso em dois módulos para os pais aprenderem a entender o que os filhos falam.

F) CAPS (Centro de Atenção Psicossocial): existe desde 2003, é formado por uma equipe de 15 pessoas e atende quase 300 usuários, são pessoas de idades variadas, mas a maioria é adulta, normalmente que estão passando por alguma crise. O trabalho é realizado em grupos e há atividades como teatro, danças, confecção de chocolates, colares e outras bijuterias.
Há atendimento pessoal, médico, psicólogo e a instituição é ligada à Secretaria da Saúde do Município. As peças criadas nas oficinas e expostas para venda tem o dinheiro revertido para os próprios usuários.
OS: Mais uma vez coloquei esta instituição por considerar que fazem um trabalho de inclusão importante, mesmo não sendo voltado para a área pedagógica.

G) Escola Especial Estadual Aracy de Paula Hoffmann: atende a 120 alunos adolescentes e adultos de 1ª a 8ª séries, todos com deficiência mental, nos turnos manhã e tarde com aulas normais e oficinas de artesanato. Possui oficinas de pintura de caixinhas de madeira e lata e culinária. A escola possui uma sala de informática, há atividades de teatro e coral, há também um serviço de voluntariado, onde é ensinado basquete aos alunos. O dinheiro arrecadado com a venda dos materiais das oficinas reverte para os alunos, em forma de presentes e passeios feitos em instituições culturais e pontos turísticos.

H) Escola Estadual de Ensino Fundamental Marechal Ilha Moreira: atende alunos sem deficiência, alunos com baixa visão ou cegueira, utilizando o método BRAILLE.

I) NAPPI (Núcleo de Apoio e Pesquisa ao Processo de Inclusão: fundado em 2003 com o objetivo de atender as questões do processo de construção escolar. Atende alunos da rede municipal nos seguintes segmentos: atendimento terapêutico, apoio pedagógico e atendimento das famílias. O objetivo é a construção da aprendizagem da criança através de jogos confeccionados pelos profissionais do NAPPI.
Atendem às seguintes áreas do atendimento terapêutico: psicologia, fonoaudiologia, fisioterapia, psicomotricidade e psicopedagogia.

REFERÊNCIAS:

http://portalsocial.org.br/Notícias.aspx?IDNotícia=103

http://www.vivasaoleo.com.br/notiscias/visualizar.asp?Cod=7658

Refleindo sobre estes serviços fico me questionando porque ainda há tantos alunos sem atendimento? Se existem leis que obrigam o poder público a propiciar estes serviços a todod, porque não são cumpridas?
Trabalho numa escola escola estadual sem nenhum tipo de atendimento ou profissional qualificado para trabalhar com crianças com necessidades especiais. Encaminhamos para o CRA (espécie de posto de saúde municipal com psicíloga, psiquiatra e outros serviços) ou para o Seviço de atendimento da UNISINOS. Quando a família tem conv~enio médico e condições, solicitamos que busque ajuda aí.
Enfim, ainda temos um longo caminho a percorrer para que todas as crianças sejam bem atendidas, inclusive na formação dos professores, tão despreparados paa estas situações.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

REFLEXÃO SOBRE O FILME "O CLUBE DO IMPERDAR"

Este filme nos faz refletirmos sobre os diversos dilemas que encontramos na nossa prática pedagógica, quantas vezes encontramos alunos como o do filme, sem limites, sem escrúpulos, sem senso moral. Então consideramos que está em nossas mão tentar mudar aquele indivíduo. Quantas vezes fazemos como aquele professor que considerou necessário dar um chance ao aluno para tentar fazê-lo refletir sobre seu comportamento, pensando que pudesse regenerá-lo. O que pensei ser descabido foi ele retirar a chance do verdadeiro merecedor. Já dei muitas e muitas novas chances, mas nunca prejudicando um aluno merecedor.
Também, como aquele professor, já passei pela experiência de ver alunos a quem tentei regenerar e dar muitas chances chegarem à idade adulta completamente degenerados, alguns já foram mortos pelo tráfico. Isto dá uma frustração muito grande, a dúvida sobre até onde conseguimos alcançar a mente e os corações de nossos alunos e a reflexão sobre a índole dos nossos alunos, sobre como encaram a vida.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Políticas públicas Brasileiras em Educação Especial e o Projeto Político-Pedagógico da Educação Inclusiva



Trabalho na Escola Estadual de Ensino Fundamental Mário Quintana, na periferia urbana de São Leopoldo. Minha escola abrange a primeira etapa do Ensino Fundamental de oito anos (até 4ª série) e a mesma etapa do Ensino Fundamental de 9 anos (até 5º ano). Temos 230 alunos e 10 professoras docentes.
Nossa escola possui quatro alunos com necessidades educacionais especiais. Um com necessidades físicas, pois tem as perninhas atrofiadas, que está no segundo ano (1ª série). Não usa cadeira de rodas e sim um skate onde senta e se movimenta com muita destreza e rapidez. Uma aluna com laudo de deficiência mental, uma menina e um menino em processo de diagnóstico, também com problemas mentais, todos no 3º ano (ª série).
Nossa escola não tem nenhum tipo de atendimento especializado para estes alunos, pois não possui nenhuma professora com formação em educação especial. Cada professora tenta dar o melhor de si para proporcional um inclusão social destes alunos. A aluna com laudo tem a promoção garantida através da Resolução nº 2 de 2001. Quando os alunos com necessidades especiais têm convênio médico a escola orienta a família para procurar um pediatra que as encaminha ao neurologista. Quando a família não tem condições a escola encaminha para o CRAS, que é uma descentralização do posto de saúde em todas as regiões do município. Lá tem todos os profissionais necessários para diagnóstico e tratamento. O Poder Público Estadual não proporciona nenhum tipo de atendimento a nenhum aluno, inclusive aos portadores de necessidades educacionais especiais..
Confrontando estes dados da minha escola com as leis vigentes é impossível não se decepcionar ou revoltar com os poderes públicos em todas as esferas, que criam as leis, mas não criam condições de serem aplicadas. Na Constituição Federal de 1988 no artigo 208, assim como na lei nº 8069 de 13 de julho de 1990, no Capítulo IV, já era assegurado o atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino. No Capítulo V da Lei nº 9394 de 20 de dezembro de 1996 (LDB) diz que haverá na escola regular para atender as peculiaridades da clientela da educação especial serviços de apoio especializados. Diz também que os currículos e métodos devem ter uma organização específica para atender estes alunos, assim como professores especializados e professores do ensino regular capacitados para atenderem esta demanda, o que não acontece, pelo menos na maioria das escolas da rede pública estadual.
A Resolução nº 2 de 11 de setembro de 2001 volta a frisar no seu artigo 8º a necessidade de professores especializados e capacitados, a atuação colaborativa do professor especializado com o professor da turma, assim como a disponibilidade de outros recursos de apoio necessários à aprendizagem, à locomoção e à comunicação. Salvo raras exceções, as escolas da rede estadual não possuem professores especializados, assim como não é oferecido nenhum tipo de capacitação aos professores do ensino regular. O que nos parece é que o sistema público estadual se viu diante da necessidade de cumprir a lei e abriu as portas das escolas para a inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais sem se preocupar com a funcionalidade destas medidas. Não há verbas para adequar as escolas à acessibilidade de alunos portadores de necessidades físicas especiais, assim como não há nenhum investimento na capacitação de professores. Também há muitas escolas sem serviço pedagógico de apoio, na minha escola só há a supervisão escolar, além da direção.
Enfim, mais uma vez nos deparamos com leis ricas em boas intenções para promover a inclusão social e a educação do povo, mas esbarramos nos recursos para cumprimento destas leis. Mais uma vez vimos que a classe dominante deste país coloca idéias ricas e construtivas no papel, mas dificilmente cria recursos para seu cumprimento. É lamentável que a área da educação, base de um povo desenvolvido, seja sempre penalizada pela incompetência administrativa. É importante tomarmos conhecimento destas leis e saber o que é feito e o que o poder público não assume. Como professoras de escolas públicas é importante termos conhecimento do cumprimento ou não das leis, até como forma de justificarmos a falta de atendimento especial de nossos alunos.


REFERÊNCIAS:

Constituição Federal de 1988
Lei nº 8069 de 13 de julho de 1990
Lei nº 9394/96 – LDB
Resolução CNE/CEB nº 02/01
Registros da E. E. E. F. Mário Quintana, São Leopoldo

Estágios do Desenvolvimento:

1º Estágio: Sensório – Motor:
do nascimento até aproximadamente dois anos, com o aparecimento da linguagem. Marcado por extraordinário desenvolvimento mental, é decisivo para a função psíquica, pois representa a conquista de todo o universo prático que cerca a criança, através da percepção e dos movimentos. Destacam-se três períodos neste estágio: o dos reflexos, o da organização das ações e hábitos e o da inteligência sensório-motora propriamente dita.
A consciência começa por um egocentrismo inconsciente e integral, onde os pensamentos são marcados pela intuição, até que os progressos da inteligência sensório-motora levem à construção de um universo objetivo, onde o próprio corpo aparece como elemento entre outros, e ao qual se opõe a vida interior, localizada dentro do corpo.

2º Estágio: Pré-Operatório: do aparecimento da linguagem até aproximadamente sete anos, surgimento da função simbólica e intuitiva, com representações da realidade.
Graças à linguagem, a criança é capaz de reconstruir suas ações passadas em forma de narrativa e de antecipar suas ações futuras pela representação verbal. É o início da socialização da ação, a aparição do pensamento propriamente dito e a interiorização da ação como tal, podendo reconstituir a ação no plano intuitivo das imagens e das experiências verbais.
Até aproximadamente sete anos a criança permanece pré-lógica e suplementa a lógica pelo mecanismo da intuição, é uma simples interiorização das percepções e dos movimentos sob forma de imagens representativas e de “experiências mentais” que prolongam, assim, os esquemas senso-motores sem coordenação propriamente racional.

3º Estágio: Operatório- Concreto: aproximadamente dos sete aos doze anos, marca uma modificação decisiva no desenvolvimento mental. Observa-se o aparecimento de formas de organização novas, que completam as construções esboçadas no decorrer do período precedente, assegurando-lhes um equilíbrio mais estável e que inauguram uma série ininterrupta de novas construções.
Torna-se capaz de cooperar porque não confunde mais seu próprio ponto de vista com o dos outros, dissociando-os para coordená-los. A linguagem “egocêntrica” desaparece quase totalmente e os propósitos espontâneos da criança testemunham, pela própria estrutura gramatical, a necessidade de conexão entre as idéias e de justificação lógica.
A criança se torna suscetível a um começo de reflexão. Em vez de condutas impulsivas da primeira infância, acompanhada da crença imediata e do egocentrismo intelectual, a criança, a partir dos sete ou oito anos, pensa antes de agir, começando, assim, a conquista do processo de reflexão. Para a inteligência, trata-se do início da construção lógica, que constitui o sistema de relações que permite a coordenação dos pontos de vista entre si.

4º Estágio: Operatório-Formal: é a fase da adolescência, que começa aproximadamente aos 11 ou 12 anos. Estabelece relações entre as teorias, produzindo nelas transformações. As construções operatório-formais obedecem a uma teoria de relações entre si, criando um mundo de possibilidades que permitem trabalhar com o pensamento hipotético-dedutivo. Marca o término das operações construídas durante a segunda infância, pois é passagem do pensamento concreto para o formal, ou seja, para o hipotético-dedutivo, isto é, é capaz de deduzir conclusões de puras hipóteses e não somente através de uma observação real.
As operações formais consistem em destacar e libertar o pensamento do real, permitindo-lhe construir a seu modo as reflexões e teorias, marcando, então, a libertação do pensamento, à livre atividade de reflexão espontânea
Há um egocentrismo intelectual do adolescente, comparável tanto ao lactente, como ao da primeira infância. Manifesta-se pela crença da onipotência da reflexão, onde o eu é forte o bastante para reconstruir o Universo e suficientemente grande para incorporá-lo. O equilíbrio é atingido quando a reflexão compreende que sua função não é contradizer, mas se adiantar e interpretar a experiência, ultrapassando o equilíbrio do pensamento concreto, pois além do mundo real engloba as construções indefinidas da dedução racional e da vida interior.
O importante ao estudarmos estes estágios é podermos constatar em que estágios nossos alunos estão. Muitas vezes não sabemos porque uma criança não consegue aprender determinados conceitos, mas estudando estes estágios vemos que muitas vezes os alunos ainda não conseguem dominar certas noções pois ainda não atingiram a maturidade cognitiva suficiente.

REFERÊNCIAS:
MARQUES, Tânia B. I, Epistemologia Genética e Construção do Conhecimento

PIAGET, Jean. O Desenvolvimento Mental da Criança. In: Seis estudos de psicologia. Rio de Janeiro: Forense, 1986.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

EU E OS OUTROS
Como Eu me vejo:

Eu me vejo como uma pessoa fisicamente “fofinha”, pois sempre tive que lutar contra a balança. De estatura baixa, cabelos muito crespos, dos quais nunca gostei muito. Tenho os olhos verdes “garrafa”, que é uma parte do meu corpo que acho bonito. Gosto muito do meu sorriso, pois meus dentes sempre foram muito parelhos e bem cuidados. Nesta foto do Natal estou um pouco abatida porque havia retirado um tumor e estava começando a quimioterapia, mas foi um momento muito importante.
Na personalidade sou muito teimosa, nunca gostei de dar o braço a torcer e confessar minhas fraquezas. Sempre fui muito brigona no sentido de lutar pelo que acho certo. Quando tenho certeza do meu ponto de vista, bato pé até o fim para defender minhas idéias. Talvez estes traços da minha personalidade estejam me ajudando a vencer o câncer.
Também sou uma pessoa muito espiritualizada, por isto tenho muita fé em Deus, em mim e na vida. A vida me ensinou a ser mais tolerante, compreensiva e amiga, por isto procuro ajudar as pessoas, seja com atos concretos ou apenas ouvindo. Também sou muito carinhosa, gosto de abraçar e de trocar afeto, assim como dar presentes.

Como as outras Pessoas Me Vêem:

Sei que as pessoas sempre me viram como uma pessoa batalhadora, trabalhadeira e esforçada, que sempre procurou viver de acordo com o que pensa e prega. Meus filhos sempre me chamam de “guerreira” e isto me dá um orgulho muito grande, poder transmitir a eles que não dá para desanimar, nunca se entregar. Sempre tive fama de baixinha “invocada”.
Agora com minha doença tive surpresas muito boas, pois vi o que as pessoas pensam de mim e confesso que me surpreendi. Por nunca me deixar abater as pessoas têm me tomado como exemplo de vida, buscando força e consolo em mim para seus problemas. Semana passada minhas colegas ainda falaram para outra colega que se aposentou o quanto eu sou forte, o quanto luto para vencer os problemas, não deixo de trabalhar nem sou manhosa. Se tudo isto é positivo e me deixa orgulhosa, às vezes ser forte demais tem sua fragilidade, pois as pessoas esperam que tu estejas sempre bem, ficam nervosas se vêem que alguma vez estás enjoada ou desanimada.
O Dilema do Antropólogo

Acredito que a posição do antropólogo, em primeira instância, foi correta. Como estava chegando à ilha não queria interferir na cultura local e por isto omitiu um fato. Como princípio moral, resolveu não mudar o ponto de vista dos nativos e agir de acordo com seus costumes, até para não influenciar aquela cultura com seus próprios valores.
No entanto, à medida que o tempo passou e o antropólogo se familiarizou com os costumes do povo, deveria ter esclarecido os questionamentos dos nativos, orientando-os que os homens brancos são humanos como eles e poderiam se beneficiar de suas crenças.
Refletindo sobre os princípios morais é preciso pensar que não temos o direito de interferir numa cultura já estabelecida, mas a ética nos diz para não mentirmos nunca. O que fazer? Procurar agir de acordo com os princípios que nos norteiam, sem, no entanto, enganar as pessoas de maneira a prejudicá-las. É um julgamento íntimo e pessoal muito difícil, mas que precisa estar presente nas mais diversas situações da nossa vida.
Para concluir, em primeira instância penso que o antropólogo agiu certo, mas à medida que se familiarizou com aquele povo deveria ter mostrado a realidade, orientando-os que os homens brancos são homens normais, como forma de protegê-los do domínio destes mesmos homens. Se ele agiu com a ética de não interferir no primeiro momento, assim que se familiarizou com aquele povo deveria ter agido de acordo com o princípio moral de que não podemos prejudicar nossos semelhantes, ocultando fatos que possam levá-los a serem dominados e subjugados por outros.
Minha Aprendizagem mais marcante
Quando eu tinha 10 anos eu iria fazer a Primeira Comunhão no dia 8 de outubro. Como presente pedi minha tão sonhada bicicleta. Todo mundo tinha bicicleta, meus irmãos tinham bicicletas de cano alto e eu, muito miúda, não conseguia andar, nem sequer subir nelas. Sentia-me um pouco excluída da turma, pois quando iam dar voltas de bicicleta, eu tinha que ficar em casa.
Como todo mundo já sabia que eu ganharia uma bicicleta, todos os meus amigos e meus irmãos queriam me ensinar a andar. Tentaram me ensinar nas bicicletas dos meus irmãos, na Monareta de trava de mão da minha amiga Lana, numa bicicleta um pouco maior do amigo Marcelo e eu não conseguia aprender. Não tinha equilíbrio, não conseguia ficar com a bicicleta em pé, não coordenava na hora de frear. Tentaram mudar o lugar da aprendizagem, levaram-me para uma praça, para o pátio da igreja, para a nossa rua que era uma decida, mas mesmo assim não consegui aprender, parecia que jamais aprenderia, que estava bloqueada em meu cérebro esta habilidade, além do medo de cair e me machucar e o medo ainda maior de fazer fiasco na frente da turma. Aquele assunto virou um martírio, além dos meus irmãos debocharem de mim.
Chegou o dia da minha Primeira Comunhão, vieram todos os meus parentes para a missa e para o churrasco. Ganhei a famosa bicicleta: uma Monareta cor de laranja com trava de pé, linda, a minha cara, pois sempre gostei de cores fortes. O maior problema foi não saber andar. Nos dias seguintes todo mundo queria experimentar o meu presente, dar uma voltinha, só eu não conseguia. Todos tentavam à exaustão me ensinar a andar, até minha mãe largou a costura por alguns minutos para tentar, mas foi inútil, não consegui de jeito nenhum.
Um dia, na hora do almoço, comi rápido e resolvi sair empurrando minha bicicleta, como se alguma coisa me mandasse ousar. Como estavam todos almoçando não tinha ninguém na rua, era um verdadeiro deserto. Subi na bicicleta e sai andando pela rua, como se fizesse isto há anos. No início dei uma desequilibrada, mas quando todos chegaram (ouvindo meus gritos) eu já andava na maior segurança. Só custei um pouco a aprender frear com o pé, então jogava a bicicleta (e eu) sobre os arbustos das calçadas. Tenho minha Monareta até hoje, como espécie de troféu.
Acredito que esta aprendizagem se deu de maneira tão inusitada porque sempre tive pavor de fracassar, de mostrar minhas deficiências e meus medos. De alguma maneira, naquele dia que sai sozinha estava determinada a conseguir o que parecia impossível. Alguma coisa no meu cérebro me dizia que era a hora de fazer aquilo sozinha, sem interferência de ninguém. É verdade que os conhecimentos que todos os meus “professores” me transmitiram já estavam gravados em minha mente, já sabia como a bicicleta funciona, como fazer para andar e travar, como me equilibrar, eu só não conseguia executá-los. O que aprendi de novo foi a coragem de ousar, a determinação de colocar em prática, sozinha, tudo o que havia aprendido. Talvez naquele dia minhas condições mentais estivessem mais apropriadas para processar as informações, uni-las à minha coragem momentânea e colocar em prática todo conhecimento que havia adquirido. Talvez precisasse de um tempo determinado para construir um jeito próprio de andar de bicicleta. Só sei que este fato ficou muito marcado em minha mente, até porque todo mundo comentava que não conseguiu me ensinar, que aprendi sozinha. Penso que foi um conjunto de situações que me levaram a construir esta aprendizagem.

sábado, 18 de abril de 2009

AVALIA^ÇÃO DO GRUPO PERSONALIDADE
Leila Maria Linck Wasum

A pergunta inicial deste grupo é “COMO A FAMÍLIA E A ESCOLA INFLUENCIAM NA PERSONALIDADE DA CRIANÇA?” O grupo manteve a coerência do questionamento inicial com as certezas e dúvidas, porque tem a certeza de que nossa personalidade recebe influências do meio, mas questiona o porquê de pessoas criadas no mesmo ambiente, com as mesmas influências, terem personalidades tão diferentes. Procuram manter esta linha de raciocínio durante todo o trabalho. Durante o andamento do trabalho o grupo retoma constantemente estas certezas e dúvidas, pois através das pesquisas verificam que cada pessoa tem sua própria personalidade, que é única, influenciada pelo fator genético e pelo meio em que vive.
Os procedimentos de coletas de informações usados pelo grupo não ficam muito claros, alguns endereços da internet são usados, outros materiais não tem as referências bibliográficas. Já o mapa conceitual do grupo está bem claro, enfatizando a sociabilidade como fator importante na formação da personalidade.
O texto apresentado no final do projeto é uma síntese que mostra a interpretação da pergunta do grupo e das conclusões realizadas ao longo do projeto, porque procura expor a idéia principal, desenvolvendo as dúvidas e certezas e mostrando como a família e a escola influenciam nossa personalidade. Assim também, neste texto o grupo retoma os conceitos de modo crítico quando fala que como sujeitos sociais necessitamos de relacionamentos, de fazermos parte de um grupo, de referências para percebermos o mundo que nos cerca e assim construirmos nossa personalidade.
O conceito mais importante neste projeto é perceber que nossa personalidade é formada por fatores genéticos, que já nascem com o indivíduo, mas que também recebemos influência do meio. Sendo assim, precisamos ficar atentos a que tipo de influências passamos a nossas crianças, de que maneira marcaremos sua personalidade, tanto na família como na escola. É uma responsabilidade astronômica, principalmente se quisermos marcá-las através do nosso exemplo de vida, da maneira como encaramos os desafios e os problemas, assim como transmitimos a nossa afetividade.

domingo, 12 de abril de 2009

DOSSIÊ DA INCLUSÃO – Leila Wasum



Minha Experiência Pessoal:

Nasci em 1962 e quando eu tinha um ano e quatro meses minha mãe deu à luz minha irmã caçula. Com um parto muito difícil, faltou oxigenação ao cérebro de minha irmã e a Denise tinha um problema mental, o que os médicos diziam ser um pequeno retardamento. Como ela era muito comunicativa e expansiva, todos perguntavam se era eu quem era a criança “excepcional”, pois sempre fui tímida e retraída.
Desde muito cedo tive que aprender que ela necessitava de mais cuidados do que eu, que não poderia fazer algumas coisas que me eram exigidas. Foi muito difícil, tinha ciúmes de ela estar sempre grudada na minha mãe, não entendia porque eu tinha que ajudar nas tarefas domésticas mais do que ela. Quando ela entrou na escola, também foi difícil entender que ela não teria o mesmo desenvolvimento e as mesmas exigências que eu e meus irmãos.
Meus pais sempre foram muito conscientes e participativos e logo entenderam e aceitaram que ela precisa de cuidados especiais e que não tinha o mesmo ritmo de amadurecimento que nós. Mesmo enfrentando muitos preconceitos colocaram a Denise na APAE e na Escola Especial com a finalidade de ajudá-la e tentar fazer com que se sentisse mais “incluída”. Aprendi a conviver com aquelas crianças, pois sempre levava e buscava a Denise e frequentava as atividades que envolvessem a família. No entanto, sempre era doloroso aceitar aquela situação, pensar que minha irmã teria dificuldades para se desenvolver e ser aceita na sociedade.
Aos doze anos a Denise começou a apresentar sintomas de uma doença degenerativa congênita na medula nervosa que atingia a coordenação motora e os músculos. Foi um período de muita dor, muitas incertezas, aos poucos ela começou a perder os movimentos das pernas e a coordenação dos braços. Só aos dezesseis anos é que foi realmente comprovada esta doença, segundo os médicos uma síndrome conhecida na Alemanha, de onde vieram nossos antepassados. Ela passou muitos anos na cama ou na cadeira de roda e nossa casa teve que sofrer adaptações para termos mobilidade com ela.
Paralelo a tudo isto entrei no Curso Normal com quinze anos e surgiu a oportunidade de fazer um curso de Voluntária para trabalhar na APAE, pensei que era o momento de entender e resgatar alguns valores que me tinham escapado, que talvez pudesse entender e aceitar toda a situação que vivíamos em casa. Após o curso e seu estágio, que terminou no fim de outubro, eu e duas colegas começamos a trabalhar teatro e música com os adolescentes da APAE. Foi muito gratificante e eles conseguiram decorar suas falas para o teatro que fizemos para a festa de Natal. No ano seguinte trabalhei como auxiliar da professora de uma turma com crianças com síndrome de Daw e uma autista, uma vez por semana. Foi um trabalho muito difícil, principalmente quando a professora faltava e eu tinha que assumir a turma. Eles eram muito inquietos e eu sempre ia para casa com algum machucado. Trabalhei todo o ano de 1978 com esta turma e depois parei de trabalhar na APAE porque tinha aula o dia todo. Sem dúvida, a experiência vivida nesta escola marcou muito minha vida, não só como professora, mas me ajudou a ser mais tolerante e carinhosa com minha irmã.
Já como professora formada fui trabalhar com alfabetização e sempre obtinha resultados satisfatórios com alunos considerados problemáticos. Por isto me tornei professora da “classe especial” da escola, com crianças com alto nível de repetência na 1ª série. Aprendi muito com eles e nas reuniões de classes especiais de todo município, com troca de experiências e relatos das colegas. Dos oito alunos consegui alfabetizar quatro, o que me deixou muito feliz.
Talvez por toda esta bagagem que eu trago, vivendo uma experiência pessoal tão profunda, é que sempre consegui bons resultados com alunos com necessidades especiais, principalmente no que diz respeito ao seu entrosamento, participação e colaboração com a turma. Também entendo muito crianças que tenham irmãos com necessidades especiais porque me coloco no lugar delas e sei o que elas sentem e o quão é difícil entender que uma pessoa da nossa família, com características parecidas com as nossas possam ser tão diferentes e precisem de nosso amor e nosso apoio.
Fazem dois anos que a Denise faleceu, mas nossa vida sempre esteve voltada para cuidá-la e fazer com que seus dias fossem os mais confortáveis e cheios de amor possíveis. Meus filhos cresceram sabendo que ela era uma pessoa que precisava de cuidados especiais, que competia e brincava com eles como se fosse da mesma idade Talvez a maior lição que ela deixou a toda família foi a união necessária nos momentos. difíceis, a alegria constante que ela tinha, a necessidade de aceitarmos o diferente e convivermos com bom humor, esperança e fé.