domingo, 13 de junho de 2010

Lendo nossa realidade

Esta foi uma semana de culminância das atividades sobre o meio ambiente, mesmo que as retomo contantemente, pois tivemos realmente aulas bem práticas sobre o assunto.
Na terça-feira fomo visitar a exposição “Redescobrindo o Rio dos Sinos” do Instituto Martin Pescador na empresa TFL, que é uma empresa próxima à escola que fabrica produtos para tratamento de couro. Esta exposição lembrava o desastre ambiental de 2006 quando milhares de peixes morreram no Rio dos Sinos e também dava dicas para as crianças começarem no dia a dia a preservar a natureza. Ganhamos lanche de suco e bolachinhas e voltamos para a escola. Discutimos o que tínhamos visto e lemos rapidamente o livrinho que ganharam na exposição e sugeri que cada um fizesse uma colagem sobre o rio, a partir de figuras de revistas que eu forneci. Fizemos um painel no mural do corredor.
Na quarta-feira fomos até a Associação de Moradores da Vila Paim para participar da Caravana Ambiental promovida pela Secretaria do Meio Ambiente de São Leopoldo. Lá assistiram uma palestra com vídeo sobre os arroios de São Leopoldo, com destaque ao Arroio João Correia que passa pelo nosso bairro, mas a maioria da população não sabe que é um arroio, visto que ele é chamado de valão, pois chega ao nosso bairro com as águas pretas da poluição causada pelos esgotos. Dentro da programação, fomos de ônibus até a nascente deste arroio, num bairro que fica no outro extremo da cidade. As crianças puderam constatar que lá a água é límpida, cristalina, que a população até fez uma bica para pegar água. Constataram também que ao redor deste bica já há lixo deixado pelas pessoas. Depois o ônibus seguiu para a foz deste arroio, junto ao Rio dos Sinos, já no nosso bairro. Vimos aí o grande índice de poluição, com a água preta, muito lixo nas margens e até boiando na água. Podemos constatar que apesar desta situação degradante a vida ainda resiste, há animais como tartarugas e pássaros que vivem no local, assim como águas- pés e outras vegetações. Os alunos fizeram claramente uma comparação entre as duas situações, vendo a importância da preservação ambiental. De volta à Associação os alunos ganharam lanche e voltamos para a escola, pois já estava no final da manhã e a caminhada é de, no mínimo, quinze minutos.
A diretora tinha encomendado aos alunos que prestassem muita atenção pois teriam que transmitir os conhecimentos adquiridos nas duas visitas da semana às outras turmas, então organizamos um trabalho em grupos para retratarem o que viram e aprendereram. Depois do trabalho pronto apresentaram para os colegas da sala sua produção e depois determinei que cada grupo iria para outra sala de aula para transmitir os conhecimentos que construíram a partir das visitas realizadas. Após as apresentações a diretora foi à nossa sala elogiar os alunos que cumpriram sua tarefa com organização e respeito, ensinando aos menores a importância de cuidarmos do meio ambiente.
Fizemos uma avaliação com os alunos sobre estas atividades que disseram:
- Achamos interessante a maquete sobre o barco Martin Pescador porque
conhecemos mais sobre ele.
- O interessante na TFL é que não se preocuparam em mostrar só a empresa, mas
a situação do nosso rio.
- Gostamos de conhecer a nascente limpa e a foz poluída do arroio pela diferença
que elas representam.
- Aprendemos mais sobre o meio ambiente e podemos ver que mesmo com a
poluição a vida resiste.
- Alguns consideraram a apresentação difícil porque ao errarem palavras os
pequenos riram.
- Acharam bom poder transmitir aos outros algo que aprenderam.
- Recinheceram que as crianças menores prestam mais atenção.
Expliquei a eles que os maiores já se comparam muito com eles, por isto os
risos, mas que faz parte do trabalho e que para os menores é muito interessante ver os maiores falarem sobre o rio e o valão, tão presentes na nossa comunidade.
Refletindo sobre estas práticas busco embasamento em Kant que diz “A espécie
humana é obrigada a extrair de si mesma pouco a pouco, com suas próprias forças, todas as qualidades naturais que pertencem à humanidade. (KANT, tradução de Francisco C. Fontanella, UNIMEP, 2002). Precisamos despertar nos nossos alunos o sentimento de amor à criação, de pertencimento ao ecossistema e da responsabilidade de preservação, adormecidos em grande parte da população. É papel da escola resgatar conceitos e práticas esquecidas, orientar para a cidadania consciente, levando à reflexão sobre as práticas atuais à necessidade de cada um fazer a sua parte. A humanidade, na ânsia pelo ter esquecesse-se de seu destino maior que é o ser. Cabe a escola apontar caminhos para uma retomada de consciência.
Assim também busco orientação em Paulo Freire que diz que é preciso ler o mundo para depois ler as palavras. É necessário transformar nossas aulas, na medida do possível, tornando-as atrativas, coerentes e práticas para que os alunos aprendam a ler e refletir sobre a nossa realidade e seu papel como cidadãos. Desta forma, as aprendizagens terão mais significado, transformando os conhecimentos que eles já têm e melhorando sua prática diária. Penso que isto é dar sentido ao que trabalhamos na escola.
Abaixo colocarei fotos destas atividades:
a) Visita à exposição "REDESCOBRINDO O RIO DOS SINOS" e painel dos trabalhos:

b) Participação da Caravana Ambiental e painel dos trabalhos que apresentaram nas turmas:

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